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Turbina submarina no Japão pode ser a chave para energia renovável infinita

Em busca de fonte inesgotável de energia, Japão conclui fase de testes de uma turbina submarina capaz de gerar 100 quilowatts de energia.

by Marcelo Santos
Turbina submarina no Japão pode ser a chave para energia renovável infinita

O Japão está em busca de uma solução inovadora para transformar a produção de energia tanto no país quanto no resto do mundo, com o projeto pioneiro chamado Kairyu, o país asiático concluiu com sucesso a fase de testes de uma turbina submarina. Especialistas afirmam que essa é uma das fontes naturais mais poderosas e menos exploradas atualmente. A constância e a previsibilidade das correntes marítimas tornam essa fonte verdadeiramente “inesgotável”.

Turbina submarina japonesa consegue gerar 100 quilowatts de energia

A empresa japonesa IHI Corporation, em parceria com a New Energy and Industrial Technology Development Organization (Nedo), uniu forças para desenvolver e testar o projeto Kairyu. Após três anos e meio de testes bem-sucedidos, eles conseguiram fazer a turbina submarina funcionar consistentemente, gerando 100 quilowatts de energia renovável. Esse resultado animador impulsionou as empresas a planejarem uma estrutura ainda maior, visando gerar 2 megawatts de energia até 2030.

Durante décadas, o Japão enfrentou o desafio de projetar um gerador capaz de resistir às fortes correntes próximas às suas costas. Com o projeto Kairyu, eles conseguiram superar essas dificuldades. A estrutura do Kairyu consiste em um par de cilindros de tamanho semelhante, cada um deles conectado a uma turbina de 11 metros de comprimento. Essa superturbina é ancorada no fundo do mar e conectada ao continente por um cabo de força, responsável também pelo transporte da energia renovável gerada.

A geração de energia a partir das correntes marítimas

O Kairyu será instalado na corrente Kuroshio, uma corrente oceânica que flui do leste da costa japonesa para o nordeste a uma velocidade de 1 a 1,5 metro por segundo. As lâminas da turbina submarina giram em direção oposta à força da água, mantendo a estabilidade do dispositivo por meio de sensores de posição. A empresa estima que, se a energia presente nas correntes marítimas pudesse ser aproveitada em outros projetos do Kairyu, seria possível gerar cerca de 200 gigawatts de eletricidade, representando 60% do consumo atual do país.

Embora o projeto Kairyu seja pioneiro em sua abordagem de geração de energia renovável a partir das correntes oceânicas, não é o primeiro a explorar os movimentos do mar para esse fim. O Reino Unido, por exemplo, já colocou em operação a turbina flutuante Orbital O₂, que utiliza a energia das marés para gerar eletricidade.

Apesar das expectativas otimistas em relação ao Kairyu, especialistas apontam diversos desafios para essa tecnologia, como custos elevados, dificuldades logísticas e a falta de experiência do país em operações offshore. Esses obstáculos representam um desafio significativo para a implementação em larga escala da energia das correntes marinhas.

Necessidade de diversificação energética do Japão

O Japão é altamente dependente de combustíveis fósseis importados para suprir suas necessidades energéticas. Mais de 99% do petróleo bruto e cerca de 98% do gás natural consumidos no país são importados, principalmente do Oriente Médio.

A energia nuclear, que antes representava um terço da produção do Japão, caiu para menos de 4% após o acidente de Fukushima em 2011. Os combustíveis fósseis atualmente fornecem cerca de um terço da energia consumida, enquanto as fontes naturais respondem por 18% da geração de energia.

O potencial da energia das correntes marinhas

O projeto Kairyu representa uma esperança para a diversificação da matriz energética do Japão. Aproveitar o potencial das correntes marinhas pode reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir os impactos ambientais associados a eles. O Kairyu tem o potencial de gerar uma quantidade significativa de eletricidade, com estimativas indicando que poderia suprir cerca de 60% do consumo atual do país se explorado em sua totalidade.

Apesar do sucesso dos testes e das perspectivas promissoras, o caminho a percorrer para a implementação em larga escala da energia das correntes marinhas ainda é desafiador. O Japão precisa superar os obstáculos técnicos, reduzir os custos e adquirir experiência em operações offshore.

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