Home ECONOMIA Três dígitos? Inflação na Argentina passa de 100%, maior valor desde 1990

Três dígitos? Inflação na Argentina passa de 100%, maior valor desde 1990

Mercado internacional tem medo de possível calote.

by Daiane
Inflação na Argentina

Uma pesquisa realizada pela agência de notícias Reuters nesta segunda-feira, 13 de março, indicou que a taxa de inflação anual da Argentina pode ultrapassar a marca de 100% em fevereiro, representando um grande desafio para o governo peronista que tenta controlar a alta de preços antes das eleições deste ano.

De acordo com a pesquisa, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) pode subir cerca de 6,2% em fevereiro, após ter registrado um aumento de 6% em janeiro. Isso elevaria a inflação anual acima de três dígitos pela primeira vez desde os anos 1990. Os dados oficiais da inflação de fevereiro devem ser divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) nesta terça-feira, dia 14 de março.

A aceleração da inflação reduz a esperança de reduzir a inflação mensal para 4%, o que traria algum alívio aos consumidores e eleitores do país, que sofrem com uma das maiores taxas de inflação do mundo e constantemente enfrentam o aumento dos preços dos alimentos e combustíveis.

Segundo Jerónimo Montalvo, economista da Empiria Consultores, a inflação de fevereiro foi fortemente impactada pelos custos dos alimentos, principalmente da carne, e deve subir 6,5%. Dezessete analistas locais e estrangeiros esperam que a inflação anual atinja 101,7%, acima da taxa de 98,8% de janeiro.

Inflação da Argentina em fevereiro de 2023 supera 100%

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O banco de investimentos Goldman Sachs também prevê uma inflação mensal de 6% em fevereiro, o que seria consistente com a inflação anual subindo para 101,3%. Lucio Garay Méndez, economista da consultoria Eco Go, projeta alta mensal de 6,4%, impulsionada pelo rápido aumento dos preços da carne no país, que é um grande produtor e consumidor de carne bovina. Os custos com habitação e saúde também aumentaram significativamente.

Como a inflação na Argentina impacta os mais pobres?

A Argentina vem enfrentando uma escalada da inflação há vários anos. Desde 2018, a taxa de inflação anual tem sido superior a 50%, representando um grande desafio para o governo e para a população do país. Os preços dos alimentos e dos combustíveis são os que mais têm subido, afetando especialmente os mais pobres.

A alta dos preços tem impactado diretamente o poder de compra das famílias argentinas, que precisam gastar cada vez mais para adquirir itens básicos como comida e transporte. Além disso, a inflação afeta a capacidade de poupança e investimento das pessoas, reduzindo suas oportunidades de crescimento econômico.

Como exemplo, podemos citar o preço da carne bovina, um produto muito consumido na Argentina. Em dezembro de 2020, o preço médio da carne subiu cerca de 75% em relação ao período homólogo. O aumento foi tão significativo que o governo chegou a proibir temporariamente a exportação de carne para tentar conter a alta de preços no mercado interno.

Outro exemplo é o preço dos combustíveis, que tem aumentado constantemente nos últimos anos. Em janeiro de 2021, o preço da gasolina subiu cerca de 5,5%, impactando diretamente o custo de vida dos argentinos que precisam utilizar o carro ou o transporte público para se deslocar.

Leia esse guia que explica mais sobre como a inflação impacta as classes mais baixas e as atitudes dos governos para reverter a situação. 

Histórico de inflação Argentina

Ano Taxa de Inflação Anual
1985 130.0%
1986 383.6%
1987 387.2%
1988 307.4%
1989 2,314.8%
1990 3,921.0%
1991 84.0%
1992 17.3%
1993 7.5%
1994 4.9%
1995 1.5%
1996 0.5%
1997 -0.8%
1998 1.0%
1999 -1.3%
2000 0.8%
2001 25.9%
2002 41.0%
2003 22.4%
2004 4.4%
2005 12.3%
2006 9.8%
2007 8.5%
2008 7.2%
2009 7.7%
2010 10.9%
2011 9.5%
2012 10.8%
2013 10.9%
2014 38.0%
2015 26.9%
2016 41.0%
2017 24.8%
2018 47.6%
2019 53.8%
2020 36.1%

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