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Shell fecha postos de hidrogênio na Califórnia devido a desafios no mercado

Shell dá fim a postos de hidrogênio verde na Califórnia. Os empreendimentos eram utilizados para abastecer carros elétricos de célula de combustível, segmento que vem recebendo poucos investimentos pelas montadoras.

by Marcelo Santos
Shell fecha postos de hidrogênio na Califórnia devido a desafios no mercado

A Shell chocou utilizadores e caminhões elétricos a fuel cell de hidrogênio, assim como os respectivos construtores deste tipo de veículo, ao anunciar o fim da sua rede de postos de abastecimento de hidrogênio verde na Califórnia. No total, há 55 postos distribuídos por sete estações sob a marca Shell Hydrogen.

Por qual motivo a Shell fechou seus postos de hidrogênio?

O gigante britânico parece, desta forma, dar fim a uma tecnologia que sempre foi vista como um grande potencial tecnológico, entretanto continua a não ter crescimento no número de veículos disponibilizados no mercado e nem mesmo há crescimento evidentemente no número de montadoras interessadas em investir nesta solução, resumindo-se apenas à Toyota e à Hyundai.

A gigante Shell, que desde o começo sempre foi uma das maiores empresas petrolíferas do mercado, tem investido fortemente para evoluir de fornecedora de combustíveis fósseis para fornecedora de energia, nas suas mais diversas formas.

Os investimentos na produção de eletricidade e na consequente rede de abastecimento de carros elétricos foram evidentes, assim como os fundos despejados na rede de abastecimento de hidrogênio verde, com mais de 98% de pureza para que pudesse ser utilizado nas fuel cells dos carros elétricos que produzem a bordo a energia de que necessitam.

Como é habitual no mundo dos negócios, nem todos os investimentos correm de modo favorável, mas quando estão indo muito mal, nem mesmo as maiores empresas do mundo, como no caso da Shell, conseguem justificar perdas sucessivas em um setor que não traz boas notícias a curto ou médio prazo, ou alterações que tornem a tecnologia mais sustentável ou com potencial reforçado.

Fechamento de postos acontecerá apenas na Califórnia?

Isso acontece com os carros elétricos movidos pela energia que geram a bordo com recurso às células de combustível a hidrogênio verde, as tradicionais fuel cells. Os modelos com esta tecnologia possuem tanques que abastecem com 5 a 10 kg (a depender do tipo de veículo e a autonomia desejada) de hidrogênio verde, recorrendo a postos de abastecimento que são particularmente caros, sobretudo se estiverem em anexo a uma unidade para a produção de hidrogênio por eletrólise da água, alimentada com energia limpa.

De acordo com os especialistas deste segmento, esta é a melhor forma de abastecer os postos de combustível. Resta saber se, para a Shell, esta decisão de abandonar o hidrogênio ficará limitada à Califórnia ou a todos os EUA, sendo igualmente importante conhecer qual será a estratégia a ser utilizada na Europa.

Uma das empresas que também investe no avanço desta tecnologia é a Hyundai, que anunciou recentemente um conceito inovador que une sustentabilidade com avanço tecnológico. O projeto do novo modelo da marca, chamado de Waste-to-Hydrogen, utiliza um processo de conversão de resíduos orgânicos em hidrogênio, sendo então usado para alimentar um motor a hidrogênio.

Por que o Brasil pode se destacar no segmento de carros a hidrogênio verde?

Nos carros movidos a célula de combustível atuais, mediante uma reação química, hidrogênio e oxigênio (captado da atmosfera) produzem eletricidade que alimenta os motores elétricos que movimentam o veículo. Como o processo é constante, o conjunto pode utilizar uma bateria relativamente pequena.

Desta forma, o Brasil é um dos países com mais condições de liderar a produção alternativa abundante, barata e potencialmente eficiente de energia de hidrogênio verde.

A produção de hidrogênio verde no Brasil, a partir de energia eólica e solar, vem sendo avaliada como um meio mais barato para sua produção. A expectativa é de que em 2050 o país produza o hidrogênio verde mais barato do mundo, chegando a custar metade do preço pelo qual se produz atualmente o hidrogênio cinza.

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