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Seca e dependência da agropecuária farão PIB da Argentina reduzir US$ 19 bilhões, impactando o Brasil

A queda prevista para 2023 está em 3 pontos.

by Daiane
Seca e dependência da agropecuária farão PIB da Argentina reduzir US$ 19 bilhões, impactando o Brasil

PIB da Argentina deve reduzir cerca de 3 pontos enquanto a inflação acumulada em fevereiro chegou a mais de três dígitos, de acordo com o portal de notícias Reuters. 

A intensa escassez hídrica que aflige o setor agropecuário argentino desde o ano passado vem ocasionando um impacto negativo de três pontos percentuais na economia já fragilizada do país neste ano, conforme divulgado pela Bolsa de Cereais de Rosario (BCR) na última sexta-feira, 10 de março, acentuando a elevação dos preços e a desvalorização do peso.

Conforme estimativa da BCR, as condições, extremamente secas, provocarão uma redução de US$ 19 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina em 2023, comparativamente ao ano anterior, tendo em vista que as previsões de colheita para as principais safras de grãos foram sucessivamente revistas em baixa nas últimas semanas. “Já se perdeu três pontos do PIB argentino previsto em função da seca”, afirmou a BCR em seu relatório.

A Argentina é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, especialmente de commodities agrícolas básicas, como soja, milho e trigo. A arrecadação tributária sobre as exportações é uma das principais contribuições para a economia do país sul-americano, que sofre com reservas cambiais reduzidas, enorme endividamento e uma inflação anual superior a 100%. O governo projeta um crescimento econômico de apenas 2% em 2023.

A BCR também aponta que a seca impactará gravemente os cofres públicos, com uma queda superior a US$ 2,3 bilhões nos impostos sobre exportação de grãos na safra 2022/2023. Os agricultores já sofreram diversos cortes nas estimativas de colheita desde o ano passado.

Na última quarta-feira, a Bolsa de Cereais de Rosario rebaixou sua previsão para a safra de soja, de 47 milhões de toneladas no início do ciclo em agosto para 27 milhões de toneladas. A projeção para a colheita de milho também foi reduzida para 35 milhões de toneladas, ante 55 milhões de toneladas em agosto.

Em termos de volume, a seca provocou perdas superiores a 50 milhões de toneladas, de acordo com Julio Calzada, chefe de pesquisa econômica da Bolsa de Cereais de Rosario, que, em entrevista à Reuters na última quinta-feira, classificou as condições climáticas como “sem precedentes”.

Como a seca, crise no agronegócio e queda do PIB na Argentina impactam o Brasil e a inflação?

A crise hídrica que atinge a Argentina tem impactos significativos não apenas na economia argentina, mas também no Brasil. O país é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, incluindo soja, milho e trigo, sendo um importante parceiro comercial do Brasil. Com a redução da produção agrícola na Argentina devido à seca, é possível haver um aumento nos preços desses produtos no mercado internacional, favorecendo exportadores.

De acordo com dados do Ministério da Economia, a Argentina é o terceiro maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Em 2021, as exportações brasileiras para a Argentina totalizaram US$ 13,6 bilhões, representando 5,6% do total exportado pelo Brasil no ano. Além disso, a Argentina é responsável por cerca de 70% das importações brasileiras de trigo.

Com a redução da produção agrícola na Argentina, é possível que haja uma queda na oferta desses produtos no mercado internacional, o que pode levar a um aumento nos preços. Esse aumento pode impactar diretamente a inflação no Brasil, que já vem sofrendo com a alta nos preços dos alimentos.

Além disso, a crise hídrica na Argentina pode afetar também o setor energético, já que a maior parte da energia elétrica do país é gerada por hidrelétricas. Com a redução do nível dos reservatórios, é possível haver uma redução na oferta de energia elétrica.

Histórico do PIB da Argentina

O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina é um indicador importante para avaliar o desempenho econômico do país sul-americano. Nos últimos 20 anos, a Argentina enfrentou diversos desafios econômicos, como a crise econômica de 2001 e a recente crise da pandemia de COVID-19.

De acordo com dados do Banco Mundial, o PIB argentino apresentou altos e baixos nesse período, com um pico em 2017 e uma queda significativa em 2020. A tabela abaixo mostra o histórico do PIB da Argentina nos últimos 20 anos:

Ano PIB (US$ bilhões)
2002 93,9
2005 181,9
2010 369,1
2015 594,5
2017 637,9
2018 519,9
2019 449,7
2020 386,4

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