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Previsão aponta para pico na produção de petróleo brasileira em 2029, levantando questões sobre dependência externa

O Ministério de Minas e Energia do Brasil alertou que o país atingirá seu pico de produção de petróleo dentro de seis anos.

by Marcelo Santos
Previsão aponta para pico na produção de petróleo brasileira em 2029, levantando questões sobre dependência externa

O Ministério de Minas e Energia do Brasil alertou recentemente que o país atingirá seu pico de produção de petróleo dentro de seis anos. Com a exploração do pré-sal enfrentando sinais de esgotamento exploratório, a região da Margem Equatorial, especialmente a bacia da Foz do Amazonas, emerge como a nova fronteira para o petróleo brasileiro. Essa previsão levanta questões significativas sobre a dependência externa do país em relação ao petróleo e os desafios que o Brasil enfrentará no futuro.

O pico de produção de petróleo e a perspectiva de declínio

Segundo os cálculos da área de planejamento energético do governo brasileiro, a produção de petróleo no país atingirá seu ápice em 2029, alcançando 5,4 milhões de barris diários.

Atualmente, o Brasil é autossuficiente e produz entre 3 e 4 milhões de barris diariamente, o que lhe permite ser um exportador líquido de petróleo. No entanto, as reservas em declínio levarão o país a se tornar importador novamente em cerca de uma década.

Considerado um “bilhete premiado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pré-sal, sendo a principal área de exploração de óleo e gás do Brasil, já apresenta claros sinais de esgotamento exploratório. Em 2019, a última declaração de comercialidade relevante foi notificada. Além disso, o recente leilão de blocos do pré-sal teve baixa adesão, com apenas quatro blocos arrematados e dois devolvidos pelas empresas.

A aposta na Margem Equatorial

Diante desse cenário, os setores de energia do governo brasileiro defendem a ampliação da produção nacional, tendo a Margem Equatorial como sua maior aposta. A região da bacia da Foz do Amazonas é considerada a mais promissora, especialmente devido às descobertas bilionárias de petróleo em países vizinhos, como Guiana e Suriname.

O Ministério de Minas e Energia estima que a área da Margem Equatorial contenha cerca de 10 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, representando um potencial significativo para investimentos e arrecadação.

IEA alerta que redução na demanda de petróleo ocorrerá apenas em 2040

Ambientalistas argumentam que a preocupação com o declínio na produção do petróleo brasileiro é desnecessária, já que essa fonte de energia perderá força no processo de transição energética. No entanto, os dados da Agência Internacional de Energia indicam que apenas a partir de 2040 haverá uma redução mais acentuada na demanda por petróleo.

Mesmo com a aplicação de fontes renováveis de energia, estima-se que cerca de 60 milhões de barris diários ainda serão consumidos no cenário mais otimista, em comparação com os atuais cem milhões de barris.

Desafios para a redução da dependência externa

Diante do pico de produção de petróleo brasileiro previsto para 2029 e do esgotamento exploratório do pré-sal, o país enfrentará desafios significativos para reduzir sua dependência externa de petróleo. A diversificação da matriz energética, com investimentos em fontes renováveis e alternativas, torna-se ainda mais crucial. Além disso, a busca por maior eficiência energética e a promoção de políticas que estimulem a redução do consumo de petróleo são medidas necessárias para mitigar os impactos dessa dependência externa.

Margem Equatorial: potencial como nova fronteira petrolífera

A Margem Equatorial do Brasil tem sido alvo de um intenso debate devido ao seu potencial como nova fronteira petrolífera. Composta pelas bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, essa região apresenta possíveis volumosas reservas de petróleo, o que a coloca como o “novo pré-sal brasileiro”.

Embora a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial não seja uma novidade, pois atividades exploratórias vêm ocorrendo desde a década de 1970, as descobertas comerciais têm sido limitadas. No entanto, estudos recentes têm indicado a possibilidade de novas descobertas de petróleo em águas profundas e ultraprofundas da região.

Questões ambientais impedem a produção de petróleo na Margem Equatorial

Apesar do potencial econômico da exploração de petróleo na Margem Equatorial, existem questões ambientais e territoriais que levantam preocupações. A região abriga ambientes vulneráveis e singulares, como o sistema de recifes da Amazônia, o Atol das Rocas, Fernando de Noronha, manguezais e uma rica diversidade marinha. Além da proximidade com terras indígenas, especialmente no Amapá e Ceará.

A fragilidade ambiental e territorial da região tem levado a complexos processos de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo e gás. O debate sobre a viabilidade dessas atividades na região é intenso, e recentemente houve controvérsia entre a Petrobras e o IBAMA em relação ao processo de licenciamento para a perfuração exploratória na bacia Foz do Amazonas.

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