O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em uma reunião ministerial que a Petrobras, por meio de sua subsidiária Transpetro, pretende ampliar sua frota de navios como forma de impulsionar a indústria naval brasileira. Ele ressaltou que a Petrobras não é apenas uma empresa de petróleo, mas também busca desenvolver novos combustíveis renováveis e expandir seus negócios.
Lula também afirmou que a empresa planeja retomar a liderança em investimentos, gerando empregos no país. “Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, veja bem o que vou dizer: a Petrobras vai financiar pesquisas de novos combustíveis renováveis”, disse o presidente.
O comissionamento dos petroleiros da Transpetro foi uma das principais iniciativas do plano do governo do PT para revitalizar a indústria naval brasileira. Durante o primeiro mandato do presidente Lula, a subsidiária da Petrobras lançou o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que visava aumentar a capacidade dos estaleiros brasileiros para a construção de navios petroleiros e, consequentemente, reduzir a dependência do país em relação à importação dessas embarcações.
No entanto, o programa foi interrompido no meio da década, quando a indústria naval foi atingida por um escândalo de corrupção desencadeado pela Operação Lava Jato, somado à crise financeira que atingiu o setor. O aumento das encomendas para os estaleiros estatais é uma demanda urgente do setor, uma vez que, na última década, grandes encomendas de plataformas migraram para estaleiros asiáticos.
De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em 2014, a indústria naval brasileira faturou cerca de R$ 9,5 bilhões em projetos contratados, em 2021, esse valor foi de R$ 570 milhões.
Essa crise no setor da indústria naval iniciada em 2014 teve um impacto significativo na geração de empregos no país. Desde o pico de 82.000 empregos em dezembro de 2014, o país perdeu mais de 60.000 empregos nesse setor. Em maio de 2022, o número de empregos na indústria naval brasileira era de cerca de 21 mil, demonstrando a necessidade urgente de revitalização do setor.
Jean-Paul Pratès, presidente da Transpetro, afirmou em março deste ano que a empresa cogita aumentar o conteúdo local de seus projetos, mas destacou que a retomada do setor depende de um esforço coletivo, pois os estaleiros nacionais não são competitivos.
Ele enfatizou que a Petrobras praticamente não tem escolha no mercado doméstico atualmente. Pratès ressaltou que é necessária uma abordagem diferente para o problema de competitividade, incluindo políticas públicas, mas que a empresa participará ativamente desse processo.
Ele também mencionou que a transição energética pode trazer oportunidades para a revitalização do setor naval, como a possível necessidade de montagem de equipamentos para parques eólicos offshore. Até o momento, a Petrobras, sob a liderança de Prates, lançou uma grande licitação para a obtenção do contrato de dois FPSOs no projeto Sergipe Águas Profundas, porém não aumentou seus requisitos de conteúdo local.
O setor naval brasileiro também defende um aumento nos pedidos de integração de módulos de plataforma, permitindo que os estaleiros locais construam FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo) gradualmente. Para apoiar essas iniciativas, a indústria naval está buscando criar uma frente parlamentar na Câmara para defender os interesses do setor, liderada pelo deputado Alexandre Lindenmeyer (PT/RS).
Uma das propostas do parlamentar é usar o “poder aquisitivo do governo” para aumentar o fluxo de pedidos, especialmente por meio de solicitações de conteúdo local da Petrobras. É interessante notar que o presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, é o ex-vice-presidente da Sinaval, Sergio Bach, que aguarda sua posse.
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