O clima no setor automobilístico dos EUA tornou-se tenso com a expansão da greve do United Auto Workers (UAW) contra as maiores montadoras do país. O sindicato convocou a paralisação de uma das maiores e mais rentáveis fábricas da General Motors (GM) localizada em Arlington, Texas. Os trabalhadores desta fábrica são responsáveis pela fabricação de veículos de destaque da GM, como Chevrolet Suburban, Chevrolet Tahoe, GMC Yukon e Cadillac Escalade.
Queda nos lucros da GM e resposta dos trabalhadores
Esta ação sindical acontece logo após a GM divulgar uma queda de 7% no lucro líquido do terceiro trimestre, que foi de US$ 3,1 bilhões. Para Shawn Fain, presidente da UAW, os números divulgados são justificativa suficiente para a greve. Ele afirmou: “É hora dos funcionários sindicalizados e todos os trabalhadores da GM receberem o que é justo da empresa”. No entanto, a GM classifica a paralisação como “irresponsável e desnecessária”.
A relação dos veículos elétricos com a greve
Ao fundo desta agitação nos EUA, está uma mudança significativa na indústria automobilística: a transição dos veículos a combustão para os elétricos. O anúncio da Stellantis de fechar a planta de Belvidere, em Illinois, devido a essa “transição custosa”, colocou em alerta os trabalhadores do setor. Carlos Tavares, CEO da montadora anteriormente conhecida como Fiat Chrysler, salientou que a produção de veículos elétricos é 40% mais cara.
Desde então, um atrito crescente entre montadoras e trabalhadores tem sido evidente, culminando na primeira vez em mais de 80 anos em que a UAW promove greves contra as três maiores montadoras dos EUA simultaneamente.
Transição justa para os trabalhadores
Os líderes sindicais, incluindo Shawn Fain e o ex-presidente do United Auto Workers, Bob King, enfatizam que não são contrários à transição para veículos elétricos, mas buscam uma “transição justa” para os trabalhadores. Eles argumentam que à medida que os empregos na construção de motores e transmissões a gasolina diminuem, é crucial que haja oportunidades equivalentes na construção de baterias e outras peças para veículos elétricos.
O sindicato exige que esses novos empregos ofereçam salários comparáveis aos dos trabalhadores representados pelo UAW nas fábricas de automóveis, garantindo que os membros não sejam prejudicados economicamente pela transição.
O apelo dos trabalhadores
Bob King ressalta que a adesão à greve é uma mensagem direta para as grandes montadoras. Ele espera que as empresas ouçam as preocupações e frustrações dos trabalhadores e apresentem ofertas melhores do que as propostas até agora. King finaliza apontando que, ao longo dos anos, as empresas lucraram substancialmente devido aos sacrifícios dos trabalhadores, tornando fundamental uma abordagem justa e equitativa durante essa transição para os veículos elétricos.
Situação no Brasil: GM em foco
Enquanto a General Motors enfrenta desafios nos EUA, no Brasil, a situação é igualmente desafiadora. Recentemente, a montadora realizou cortes de funcionários em três de suas fábricas no estado de São Paulo. A unidade de São José dos Campos, que produz os modelos S10 e Trailblazer, foi a mais afetada, com o sindicato dos metalúrgicos informando a demissão de 800 funcionários.
Em resposta a esses desligamentos, os trabalhadores iniciaram greves em todas as três unidades da General Motors, totalizando cerca de 10 mil profissionais que exigem o cancelamento das demissões. Por enquanto, outras fábricas da GM no Brasil, localizadas em Gravataí (RS), Joinville (SC) e Sorocaba (SP), continuam operando normalmente.
Sindicatos solicitam reuniões com o governo
Diante da crise, os sindicatos dos metalúrgicos representando os trabalhadores afetados nas três cidades paulistas solicitaram reuniões urgentes tanto com o governo do estado de São Paulo quanto com o governo federal. O objetivo é discutir medidas de auxílio aos trabalhadores do setor automotivo, que se encontram em uma posição vulnerável diante das recentes mudanças na indústria.