O Ministério de Minas e Energia do Brasil alertou recentemente que o país atingirá seu pico de produção de petróleo dentro de seis anos. Com a exploração do pré-sal enfrentando sinais de esgotamento exploratório, a região da Margem Equatorial, especialmente a bacia da Foz do Amazonas, emerge como a nova fronteira para o petróleo brasileiro. Essa previsão levanta questões significativas sobre a dependência externa do país em relação ao petróleo e os desafios que o Brasil enfrentará no futuro.
O pico de produção de petróleo e a perspectiva de declínio
Segundo os cálculos da área de planejamento energético do governo brasileiro, a produção de petróleo no país atingirá seu ápice em 2029, alcançando 5,4 milhões de barris diários.
Atualmente, o Brasil é autossuficiente e produz entre 3 e 4 milhões de barris diariamente, o que lhe permite ser um exportador líquido de petróleo. No entanto, as reservas em declínio levarão o país a se tornar importador novamente em cerca de uma década.
Considerado um “bilhete premiado” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pré-sal, sendo a principal área de exploração de óleo e gás do Brasil, já apresenta claros sinais de esgotamento exploratório. Em 2019, a última declaração de comercialidade relevante foi notificada. Além disso, o recente leilão de blocos do pré-sal teve baixa adesão, com apenas quatro blocos arrematados e dois devolvidos pelas empresas.
A aposta na Margem Equatorial
Diante desse cenário, os setores de energia do governo brasileiro defendem a ampliação da produção nacional, tendo a Margem Equatorial como sua maior aposta. A região da bacia da Foz do Amazonas é considerada a mais promissora, especialmente devido às descobertas bilionárias de petróleo em países vizinhos, como Guiana e Suriname.
O Ministério de Minas e Energia estima que a área da Margem Equatorial contenha cerca de 10 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, representando um potencial significativo para investimentos e arrecadação.
IEA alerta que redução na demanda de petróleo ocorrerá apenas em 2040
Ambientalistas argumentam que a preocupação com o declínio na produção do petróleo brasileiro é desnecessária, já que essa fonte de energia perderá força no processo de transição energética. No entanto, os dados da Agência Internacional de Energia indicam que apenas a partir de 2040 haverá uma redução mais acentuada na demanda por petróleo.
Mesmo com a aplicação de fontes renováveis de energia, estima-se que cerca de 60 milhões de barris diários ainda serão consumidos no cenário mais otimista, em comparação com os atuais cem milhões de barris.
Desafios para a redução da dependência externa
Diante do pico de produção de petróleo brasileiro previsto para 2029 e do esgotamento exploratório do pré-sal, o país enfrentará desafios significativos para reduzir sua dependência externa de petróleo. A diversificação da matriz energética, com investimentos em fontes renováveis e alternativas, torna-se ainda mais crucial. Além disso, a busca por maior eficiência energética e a promoção de políticas que estimulem a redução do consumo de petróleo são medidas necessárias para mitigar os impactos dessa dependência externa.
Margem Equatorial: potencial como nova fronteira petrolífera
A Margem Equatorial do Brasil tem sido alvo de um intenso debate devido ao seu potencial como nova fronteira petrolífera. Composta pelas bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, essa região apresenta possíveis volumosas reservas de petróleo, o que a coloca como o “novo pré-sal brasileiro”.
Embora a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial não seja uma novidade, pois atividades exploratórias vêm ocorrendo desde a década de 1970, as descobertas comerciais têm sido limitadas. No entanto, estudos recentes têm indicado a possibilidade de novas descobertas de petróleo em águas profundas e ultraprofundas da região.
Questões ambientais impedem a produção de petróleo na Margem Equatorial
Apesar do potencial econômico da exploração de petróleo na Margem Equatorial, existem questões ambientais e territoriais que levantam preocupações. A região abriga ambientes vulneráveis e singulares, como o sistema de recifes da Amazônia, o Atol das Rocas, Fernando de Noronha, manguezais e uma rica diversidade marinha. Além da proximidade com terras indígenas, especialmente no Amapá e Ceará.
A fragilidade ambiental e territorial da região tem levado a complexos processos de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo e gás. O debate sobre a viabilidade dessas atividades na região é intenso, e recentemente houve controvérsia entre a Petrobras e o IBAMA em relação ao processo de licenciamento para a perfuração exploratória na bacia Foz do Amazonas.