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Yara Fertilizantes vai trocar parte do gás natural usado em sua fábrica de SP por biometano da Raízen

A troca para o biometano visa à descarbonização e redução das emissões de gases de efeito estufa em uma das maiores consumidoras de gás natural de São Paulo.

by Marcelo Santos
Yara Fertilizantes vai trocar parte do gás natural usado em sua fábrica de SP por biometano da Raízen

A Yara Fertilizantes está prestes a dar um novo passo em direção à sustentabilidade, a empresa anunciou sua intenção de trocar o gás natural de origem fóssil por biometano na sua planta localizada em Cubatão, São Paulo. Para tornar esse projeto realidade, a Yara fechou uma parceria com a Raízen, que produzirá o biometano. Essa mudança radical da companhia visa transformar a amônia produzida na planta em “amônia verde” ou “amônia de baixo carbono”, contribuindo assim para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Transição gradual para o biometano

A Yara Fertilizantes planeja implementar a transição para o biometano gradualmente, começando com a substituição de 3% do gás natural utilizado e tem como meta atingir a marca de 100% de biometano até 2030. O processo de transição está programado para ter início no primeiro semestre de 2024.

A planta de Cubatão é uma das maiores consumidoras de gás natural em São Paulo, representando 80% do custo variável na produção de amônia. No entanto, a Yara está comprometida com a descarbonização, e, por enquanto, essa troca não refletirá em redução de custos, conforme afirmou o vice-presidente de soluções industriais da empresa, Daniel Hubner.

O desafio dos custos e do mercado

A Yara enfrenta o desafio de determinar como essa transição impactará financeiramente a empresa, assim como qual será a resposta do mercado. A empresa não divulgou projeções sobre quanto os clientes estão dispostos a pagar por produtos de baixo carbono, como a amônia verde. Segundo Hubner, “O mercado continua engatinhando. Ainda não se sabe quanto valerá o fertilizante de baixo carbono”.

Parceria com a Raízen e Comgás

Para tornar esse projeto de descarbonização uma realidade, a Yara Fertilizantes fechou uma parceria com a Raízen, que produzirá o biometano, e a Comgás, que será responsável pela distribuição. A planta de biometano da Raízen, localizada em Piracicaba, São Paulo, está em fase final de conclusão, e o valor dos contratos entre as empresas não foi divulgado.

O biometano a ser utilizado pela Yara será produzido a partir da vinhaça e da torta de filtro, subprodutos da fabricação de etanol, abundantes na região devido às grandes plantações de cana-de-açúcar.

Na fábrica de Cubatão, o biometano passará por um processo de separação de suas moléculas, resultando no metano necessário para a produção de amônia, além de gás carbônico, que será capturado e fornecido para indústrias de alimentos e bebidas, bem como para a produção de gelo seco.

Yara Fertilizantes poderá reduzir até 80% as emissões de GEE

Com a implementação do biometano, a Yara Fertilizantes estima que poderá reduzir em até 80% as emissões de GEE na unidade de Cubatão. Essa é uma iniciativa importante, uma vez que a amônia é utilizada como matéria-prima para fertilizantes nitrogenados, bem como combustível para trens e caminhões, e até mesmo como elemento em explosivos para mineração.

A Yara tem demonstrado seu compromisso com a sustentabilidade ao redor do mundo. Além do projeto brasileiro, a empresa também investe em “amônia verde” em outros países, usando energia eólica, solar e hídrica na Noruega e na Austrália. Recentemente, anunciou a construção de projetos de “amônia azul” nos Estados Unidos, que indicam que o gás carbônico gerado no processo será capturado e armazenado, evitando emissões para a atmosfera.

O que é biometano?

O biometano é um biogás purificado e aprimorado produzido a partir da decomposição de matéria orgânica (resíduos agrícolas, esgoto, lixo orgânico e biomassa) por meio de processos de digestão anaeróbica. Durante esse processo, microrganismos decompõem a matéria orgânica, liberando metano, que é então purificado para atingir padrões de qualidade semelhantes aos do gás natural convencional.

Essa fonte de energia renovável é uma alternativa ambientalmente amigável aos combustíveis fósseis, uma vez que sua produção reduz a emissão de GEE e aproveita resíduos orgânicos, contribuindo para a economia circular e a descarbonização de setores industriais cruciais.

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