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Vale e Porto do Açu assinam acordo para desenvolver o maior HUB de descarbonização da indústria siderúrgica

Vale e Porto do Açu assinam acordo para a criação de um complexo industrial focado na fabricação de produtos de minério de ferro de baixo carbono.

by Marcelo Santos
Vale e Porto do Açu assinam acordo para desenvolver o maior HUB de descarbonização da indústria siderúrgica

A mineradora Vale, em parceria com o Porto do Açu, anunciou um estudo para a criação de um complexo industrial no Estado do Rio de Janeiro. Este ambicioso projeto, focado na fabricação de produtos de minério de ferro de baixo carbono, poderá atrair um investimento da ordem de 1 bilhão de dólares, destinado à construção de uma planta de HBI (hot briquetted iron ou ferro-esponja).

Mega hub de descarbonização da Vale

Este complexo, apelidado pela Vale como “mega hubs”, tem previsão de iniciar as operações no Porto do Açu em 2028. O objetivo é produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas anualmente de HBI, um componente rico em ferro, essencial para siderúrgicas que buscam fabricar aço de baixa emissão de carbono no Brasil.

A parceria com o Porto do Açu marca um avanço na estratégia da mineradora Vale de implementar o modelo de “mega hubs” não apenas no Brasil, mas também em países do Oriente Médio como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã. Vale ressaltar que o investimento na unidade de HBI será realizado por uma empresa siderúrgica, e não diretamente pela Vale.

Foco na sustentabilidade

O Porto do Açu receberá inicialmente pelotas da Vale e poderá incorporar uma planta de briquete de minério de ferro, essencial para alimentar a unidade de HBI. Este produto é crucial para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica brasileira e internacional, sendo uma resposta eficaz à crescente demanda por práticas mais sustentáveis na indústria.

Já há manifestações de interesse por parte de compradores de HBI no Brasil, conforme afirmou Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística. Embora os detalhes estejam sob confidencialidade, Zampronha indicou que a demanda justifica a construção de mais de uma planta de HBI no país.

Redução de emissões

A produção de HBI, possível por meio de minério de alta qualidade, é um avanço significativo para a indústria siderúrgica, que atualmente é responsável por aproximadamente 8% das emissões globais de CO₂. O HBI tem o potencial de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 25%, alinhando a indústria aos objetivos de redução de emissões até 2030.

O mega hub de descarbonização brasileiro, localizado no Porto do Açu, utilizará gás natural em sua produção, com a Equinor sendo um dos fornecedores principais através do projeto BM-C-33, previsto para 2028. A participação da Vale é fundamental para garantir o suprimento de insumos e consolidar a posição do complexo na cadeia de valor global.

Potencial nacional

Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro da Vale, enfatizou o vasto potencial do Brasil para se tornar um polo de siderurgia de baixo carbono, citando a alta qualidade do minério de ferro nacional, as abundantes reservas de gás natural e o potencial para o desenvolvimento do hidrogênio verde.

Ainda que a instalação da unidade de HBI no Porto do Açu não esteja totalmente confirmada, as conversas estão avançadas e as perspectivas são otimistas. Albano Vieira, consultor para temas de Siderurgia e Mineração da Prumo, salientou que as plantas de HBI são intensivas em capital. Portanto, quanto maior o volume do projeto, maior será o retorno.

O papel pioneiro da Vale e do Porto do Açu

Com o novo projeto, tanto a mineradora Vale quanto o Porto do Açu se posicionam como líderes na transição para uma siderurgia mais sustentável. O estabelecimento do mega hub de descarbonização visa atender uma enorme demanda por HBI, já expressa formalmente por grandes produtores de aço no Brasil.

Localizado estrategicamente no país, o Porto do Açu apresenta vantagens logísticas significativas, pretendendo suprir a indústria nacional de aço e HBI antes de considerar exportações. A Vale considera transportar aglomerados de minério de ferro via navegação de cabotagem até o porto, embora os volumes ainda dependam da evolução do projeto.

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