A indústria da construção civil está sempre à procura de inovações que possam aliar eficiência, sustentabilidade e segurança. E essa busca por alternativas mais sustentáveis tem sido o foco de diversas pesquisas, em destaque, está uma nova tecnologia que promete transformar o modo como são fabricados os painéis OSB, tradicionalmente produzidos com partículas de madeira.
Nova tecnologia para a construção civil
Os painéis OSB, amplamente usados na construção civil, são tradicionalmente fabricados com partículas de madeira, especificamente de pinus e eucalipto. Estas partículas são unidas por um adesivo sintético tóxico, à base de formaldeído, levantando sérias preocupações de saúde e ambientais. A inovação proposta pelas universidades envolvidas substitui a madeira pelo bambu e o adesivo tóxico por nanofibrilas de celulose de torta de mamona.
Para entender a profundidade dessa mudança, é essencial notar que o bambu é considerado uma alternativa sustentável à madeira, dado seu rápido crescimento e capacidade de regeneração. O uso de nanofibrilas de celulose de torta de mamona, por outro lado, não apenas elimina a necessidade de adesivos tóxicos, mas também apresenta um caráter biodegradável e renovável.
Tecnologia e sustentabilidade andando lado a lado
O processo de produção dos novos painéis começou com bambus fornecidos pela Ufla. Através da tecnologia, esse material foi processado em partes menores e mais finas, sendo tratado para evitar a decomposição. A próxima etapa envolveu a união dessas partículas, utilizando uma resina de formaldeído, cuja toxicidade foi substancialmente reduzida pela presença das nanofibrilas de celulose da mamona.
A pesquisadora Bárbara Maria Ribeiro Guimarães de Oliveira, uma das mentes brilhantes por trás deste projeto, destacou a contribuição da tecnologia: “Alcançamos uma excelente opção menos tóxica, com um material de caráter biodegradável e renovável.”
Reconhecimento e o futuro da nova tecnologia
A relevância e o impacto deste estudo não passaram despercebidos. A pesquisa foi premiada na 3ª edição do Programa 25 Mulheres na Ciência América Latina, um reconhecimento notável da contribuição feminina na ciência e tecnologia.
Com os resultados iniciais promissores, a equipe de pesquisadores agora planeja focar na produção industrial e avaliar a viabilidade dessa inovação em larga escala. O estudo completo está previsto para ser publicado no final de 2023, prometendo insights mais aprofundados sobre essa tecnologia revolucionária na construção civil.
Construção civil brasileira abraça sustentabilidade e ESG
Um estudo realizado pelo Centro de Tecnologia de Edificações (CTE) em parceria com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) revela que a agenda ESG (sigla em inglês para sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) está ganhando espaço na construção civil brasileira. Das 27 empresas consultadas, 71% afirmaram adotar práticas de ESG, enquanto 29% estão no início da implementação dessas medidas.
A preservação da biodiversidade, eficiência energética e metas de redução de gases de efeito estufa estão se tornando determinantes nos negócios do setor. As empresas buscam soluções que não apenas beneficiem o meio ambiente, mas também atraiam investidores preocupados com a sustentabilidade.
Construção civil sustentável
A Direcional Engenharia, por exemplo, emitiu títulos de dívida com rotulagem social alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, captando R$ 300 milhões para investir em habitações do programa Minha Casa, Minha Vida. A empresa também reduziu significativamente o volume de resíduos em seus canteiros por meio de técnicas sustentáveis.
A Tenda, em um esforço inicial, criou a Alea, uma divisão de casas pré-fabricadas que utilizam tecnologia “wood frame”. Essa abordagem reduz drasticamente a pegada de carbono das construções em comparação com métodos tradicionais de concreto.
Prédios residenciais sustentáveis
A Capitânia conquistou o selo máximo do GBC Brasil com o IDEA Bagé, um prédio residencial em Porto Alegre que utiliza energia fotovoltaica, vidros eficientes e materiais sustentáveis. Essas iniciativas acrescentaram cerca de 8% aos custos, mas os preços de venda permanecem competitivos.
A Votorantim Cimentos está comprometida em reduzir suas emissões de carbono e expandir o uso de combustíveis alternativos em suas fábricas. A empresa visa alcançar uma produção neutra em carbono até 2050.
Compromisso setorial com o meio ambiente
O setor de cimento brasileiro, representado pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), busca uma redução de 33% nas emissões enquanto planeja aumentar a produção em 70% até 2050. O compromisso é utilizar resíduos sólidos urbanos como fonte energética.
Essas iniciativas indicam uma transformação significativa na construção civil brasileira, que está se voltando cada vez mais para a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental como parte integral de seus negócios. A busca por práticas mais verdes não apenas contribui para um planeta mais saudável, mas também atrai investimentos e abre novas oportunidades para o setor.