Home ENERGIA Reviravolta ecológica: Etanol é transformado em hidrogênio mais barato e sustentável

Reviravolta ecológica: Etanol é transformado em hidrogênio mais barato e sustentável

Um estudo conduzido pela USP demonstrou que o etanol e a vinhaça podem ser usados para produzir um hidrogênio mais sustentável.

by Marcelo Santos
Etanol é transformado em hidrogênio mais barato e sustentável

Um estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) busca demonstrar como o etanol pode possibilitar a produção de hidrogênio verde com benefícios significativos tanto para o meio ambiente quanto para a economia. Desde 2015, o local tem pesquisado maneiras de utilizar o biocombustível obtido a partir da cana-de-açúcar para alimentar células de combustível de hidrogênio.

Shell Brasil investe em projeto que transforma etanol em hidrogênio

O Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), um centro de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Shell, está progredindo em três importantes linhas de pesquisa que envolvem tecnologias para a produção de hidrogênio verde.

Na sede da Universidade de São Paulo (USP), as rotas produtivas estudadas utilizam como matéria-prima produtos ou subprodutos provenientes do setor sucroalcooleiro, tais como etanol e vinhaça. O projeto conta com um investimento de aproximadamente R$ 50 milhões.

Hidrogênio verde obtido através do etanol é mais barato

De acordo com Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e membro do RCGI, o custo do hidrogênio verde produzido a partir do etanol é significativamente mais baixo do que o hidrogênio obtido por meio da eletrólise da água ou do gás natural. A pegada de carbono do hidrogênio gerado pelo etanol é menor do que a obtida na eletrólise da água, mesmo com a matriz renovável de eletricidade disponível no país.

O professor da USP ressalta que o hidrogênio produzido a partir do etanol é mais verde e apresenta um preço mais competitivo. Combinado com a proibição de circulação de ônibus novos movidos a diesel na cidade de São Paulo, isso cria uma oportunidade única para contribuir com uma redução significativa de emissões no cenário nacional.

Planta piloto deverá ser construída dentro do campus da universidade paulista

Em junho de 2023, está prevista a conclusão da construção de uma planta piloto na Cidade Universitária que produzirá um hidrogênio mais sustentável a partir do etanol. A planta terá capacidade para produzir 5 quilos de hidrogênio por hora, o suficiente para abastecer três ônibus na Cidade Universitária.

Posteriormente, a intenção é implementar uma planta 10 vezes maior, com capacidade de produção de 44,5 kg/h. Como parte do acordo, também está prevista a construção de uma estação de abastecimento veicular de hidrogênio (HRS – Hydrogen Refuelling Station) no campus da USP, na cidade de São Paulo.

Ônibus utilizados pelos estudantes deixará de utilizar diesel

Um dos ônibus utilizados pelos estudantes e visitantes da Cidade Universitária irá deixar de usar diesel e motores a combustão interna convencionais e começará a usar hidrogênio sustentável produzido a partir do etanol, com motores equipados com células a combustível (Fuel Cell). Essa iniciativa é uma solução de baixo carbono para o transporte pesado, incluindo caminhões e ônibus, e marca a construção do primeiro posto de hidrogênio de etanol no Brasil e no mundo.

Toyota entra na parceria

A Toyota Brasil se juntou à parceria formada por Shell Brasil, Raízen, Hytron, USP, RCGI e o Senai-CETIQT para produzir hidrogênio sustentável a partir do etanol. A empresa irá fornecer o Mirai, o primeiro carro de produção movido a célula de combustível (que funciona através da reação química entre hidrogênio e oxigênio), para testes de desempenho do veículo.

A Toyota destaca a importância do Brasil no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, como a híbrida-flex, produzida em parceria com o Japão em unidades no país. Com o uso de hidrogênio renovável a partir do etanol para abastecer o Mirai, a empresa vê um futuro ainda mais verde para o Brasil e reforça seu compromisso com uma agenda neutra em carbono. O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, enfatizou a importância da parceria com as demais empresas e instituições envolvidas no projeto.

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