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Raízen e Wärtsilä se unem para substituir combustíveis fósseis por etanol no transporte marítimo

Raízen e Wärtsilä se unem para testar o etanol como opção de combustível marítimo nos laboratórios da Wärtsilä Sustainable Fuels.

by Marcelo Santos
Raízen e Wärtsilä se unem para substituir combustíveis fósseis por etanol no transporte marítimo

A busca por alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis continua a ganhar destaque, e agora, a produtora de etanol Raízen e a fornecedora de equipamentos navais Wärtsilä unem forças para explorar o potencial do etanol como combustível marítimo. Este acordo, denominado “Acordo de Descarbonização”, visa realizar testes para avaliar o uso do etanol como principal combustível nos laboratórios de motores Wärtsilä Sustainable Fuels.

A substituição de combustíveis fósseis por etanol

O transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Para cumprir metas estabelecidas internacionalmente, como as da Organização Marítima Internacional (IMO), que tem em vista reduzir as emissões de carbono do transporte marítimo em 40% até 2030 e 70% até 2050 em relação aos níveis de 2008, é imperativo encontrar alternativas de baixo carbono.

Nesse contexto, o etanol surge como uma solução. Estudos preliminares realizados pela Raízen indicam que substituir combustíveis fósseis por etanol em uma rota padrão do Brasil para a Europa pode reduzir as emissões de CO₂ em até 80%.

Etanol como uma alternativa ao GNL

Enquanto o Gás Natural Liquefeito (GNL) é reconhecido como uma alternativa viável em algumas regiões, como Ásia e Europa, para o setor marítimo, o Brasil enfrenta desafios de infraestrutura que dificultam a adoção do GNL. A falta de investimento em portos e terminais necessários para o uso desse combustível é um obstáculo.

No entanto, o etanol não só oferece uma alternativa viável como também possui uma regulamentação mais madura em comparação com algumas opções. Embora ainda haja a necessidade de melhorar a eficiência e a competitividade de preços dos biocombustíveis, eles representam uma escolha promissora.

Corrida para definir qual combustível será usado no transporte marítimo

Um estudo coordenado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) prevê que o etanol e o biodiesel, biocombustíveis convencionais, terão uma participação significativa na oferta de bioenergia. No entanto, a partir de 2040, os biocombustíveis avançados, produzidos por meio de diversas tecnologias, como diesel verde, bioquerosene de aviação, gasolina verde e biocombustíveis para uso marítimo, ganharão destaque.

Embora o setor naval represente apenas 0,5% das emissões de carbono no Brasil, a importância da transição energética não pode ser subestimada. Valeria Lima, diretora do IBP, ressalta a necessidade de agilidade nas soluções para a transição energética. O setor está em uma corrida para definir qual combustível será usado até 2050.

Avanços nos combustíveis marítimos

Além da parceria entre Raízen e Wärtsilä no uso de etanol como combustível marítimo, a Petrobras também está desempenhando um papel fundamental na busca por alternativas aos combustíveis fósseis no setor naval. A estatal iniciou testes com bunker, o combustível marítimo, que agora contém 24% de biodiesel em sua composição. Esses testes têm o objetivo de validar a viabilidade de aumentar a presença de matéria-prima renovável no abastecimento de navios e embarcações.

Este não é o primeiro teste da Petrobras nesse sentido. Anteriormente, a empresa realizou um piloto bem-sucedido com a adição de 10% de biodiesel ao bunker. Agora, com a inclusão de 24% de biodiesel, a Petrobras está expandindo seus esforços para promover combustíveis marítimos mais sustentáveis.

Menos sensibilidade aos motores

Além do aumento na proporção de biodiesel, a Petrobras está diversificando as matérias-primas utilizadas. Nessa nova mistura, 30% do biodiesel provém de sebo de boi (gordura animal), enquanto o restante é óleo vegetal de soja. Esses insumos são comuns na produção de biodiesel veicular no Brasil.

Uma das razões para a exploração de misturas maiores de biodiesel no bunker é a menor sensibilidade dos motores das embarcações a esse combustível, em comparação com os motores de veículos pesados. Essa diferença nas características dos motores exige uma adaptação nas especificações dos combustíveis.

Redução de emissões de gases de efeito estufa

A Petrobras está comprometida em reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio desses testes. Estimativas iniciais apontam para uma redução de aproximadamente 17% nas emissões em comparação com o bunker 100% mineral. Essa redução é considerada ao longo do ciclo de vida completo do produto.

Para obter dados precisos sobre o desempenho do bunker com biodiesel, a Petrobras está acompanhando o navio, abastecido com cerca de 570 mil litros desse combustível. A embarcação da Maersk Tankers, usada em rotas de cabotagem no litoral brasileiro, será monitorada quanto ao consumo, potência desenvolvida, distância percorrida e desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação.

Vale ressaltar que testes anteriores da Petrobras, que envolveram um bunker com 10% de biodiesel por 40 dias em uma embarcação da Transpetro, indicaram que não houve problemas significativos no funcionamento do motor do navio nem nos sistemas de tratamento do combustível.

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