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Pressão do MME sobre a Petrobras intensifica debate sobre preços dos combustíveis no Brasil

A última alteração nos preços dos combustíveis pela Petrobras ocorreu em 21 de outubro, com um corte de R$ 0,12 por litro na gasolina.

by Andriely Medeiros
A última alteração nos preços dos combustíveis pela Petrobras ocorreu em 21 de outubro, com um corte de R$ 0,12 por litro na gasolina.

Em meio à crescente pressão do Ministério de Minas e Energia (MME) para que a Petrobras reduza os preços dos combustíveis, as cotações internacionais do petróleo registraram uma nova alta na segunda-feira (20). Essa elevação reforça o argumento da Petrobras sobre a volatilidade persistente no mercado de petróleo. O barril do tipo Brent encerrou o pregão a US$ 82,37, marcando um aumento de 2,18%. Este foi o terceiro pregão consecutivo de alta, destacando as incertezas em torno do próximo encontro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Pressão do MME e volatilidade no mercado internacional são alguns dos desafios da Petrobras

Na última sexta-feira (17), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, instou a Petrobras a reduzir os preços da gasolina e do diesel para refletir as recentes quedas nos preços do barril. Ele destacou que os cálculos do MME indicam a possibilidade de uma redução de R$ 0,12 por litro na gasolina e R$ 0,40 por litro no diesel.

Em resposta, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou em uma rede social no sábado (18) que qualquer intervenção do governo na estratégia da empresa deve seguir a Lei das Estatais. Em entrevista à Folha, Prates enfatizou a estabilidade e previsibilidade proporcionadas pela atual estratégia da empresa.

Estabilidade em meio à incerteza do mercado internacional

A última alteração nos preços dos combustíveis pela Petrobras ocorreu em 21 de outubro, com um corte de R$ 0,12 por litro na gasolina e um aumento de R$ 0,25 por litro no diesel. No entanto, mesmo com a queda nos preços do petróleo nas últimas semanas, a empresa ainda operou com algum prêmio em relação ao mercado externo.

Indicadores da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) revelam uma considerável volatilidade, com prêmios na gasolina atingindo R$ 0,11 por litro em 9 de novembro, diminuindo para negativos em R$ 0,05 em 14 de novembro e, nesta segunda-feira, situando-se em R$ 0,04 por litro.

O diesel apresentou padrão semelhante, embora com valores mais elevados. A Petrobras, desde a implementação de sua nova política de preços, tem operado na maior parte do tempo com defasagem em relação à paridade de importação calculada pela Abicom.

Prates defende a estabilidade proporcionada pela empresa durante períodos de grande volatilidade. A Refinaria de Mataripe, principal produtora privada de combustíveis do país, acompanha de perto as cotações internacionais e já realizou dois ajustes no preço da gasolina em novembro.

Cenário global do petróleo e impactos na Petrobras

No cenário internacional do petróleo, há grande incerteza em relação ao comportamento dos preços no final deste ano. Apesar da crença de analistas de que a demanda permanecerá fraca, a Opep pode decidir por novos cortes na produção em seu encontro no final do mês.

O Goldman Sachs prevê que a organização trabalhará para manter os preços entre US$ 80 e US$ 100 por barril. A Agência de Informação em Energia dos Estados Unidos (EIA) estima, em seu relatório mensal, que o Brent terá uma média de US$ 90 durante o quarto trimestre de 2023 e projeta US$ 93 por barril para 2024.

Apesar do recente aumento nos preços do petróleo, a analista da Nova Futura, Bruna Sene, vê espaço para cortes, destacando que o petróleo Brent estava em US$ 93 por barril no momento do último reajuste. Sene ressalta a preocupação do mercado com a tensão entre Silveira e Prates, indicando uma postura mais cautelosa diante de notícias relacionadas à Petrobras.

As ações da empresa, no entanto, não acompanharam o movimento do Brent, fechando com um aumento de apenas 0,08%. A Ativa Research concorda que os rumores em torno da Petrobras são negativos para as ações, mas não considera a execução da política de preços como motivo fundamental para uma possível troca na liderança da empresa pelos ministros da União.

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