Demonstrando seu compromisso com a pesquisa científica e exploração na Antártida, a Marinha do Brasil deu início oficialmente à construção do seu primeiro navio polar, nomeado Almirante Saldanha. A cerimônia de batimento de quilha, um marco tradicional que simboliza o começo da construção de uma embarcação, aconteceu na terça-feira em Aracruz, Espírito Santo.
Esforço da Marinha do Brasil para consolidar e fortalecer presença na Antártida
Com um investimento aproximado de R$ 692 milhões, o navio polar é parte do esforço da Marinha do Brasil em consolidar e fortalecer a presença do país no continente gelado. O Almirante Saldanha foi projetado para substituir uma das duas embarcações do tipo atualmente em operação, com expectativa de início das operações em outubro de 2025.
“Este navio é equipado com uma das mais avançadas tecnologias quebra-gelo do mundo, tornando-o uma peça crucial para as futuras missões brasileiras na Antártida”, afirmou o contra-almirante André Novis Montenegro, coordenador de Implantação de Programas da Marinha do Brasil.
Um navio mais econômico e eficiente
O Almirante Saldanha conseguirá quebrar camadas glaciais de até um metro de espessura e menos de um ano de formação. Além de garantir manobras mais eficientes, promete um melhor aproveitamento do combustível e mais agilidade na carga e descarga de equipamentos durante as missões antárticas.
Outro destaque fica por conta de sua capacidade de transporte aéreo. O navio será equipado com dois helicópteros AirBus-25, recentemente adquiridos pelas Forças Armadas. Essas aeronaves têm capacidade de carregar aproximadamente uma tonelada e meia cada e uma autonomia de voo superior a 600 quilômetros, fortalecendo ainda mais as operações logísticas no continente antártico.
Navio polar da Marinha do Brasil irá auxiliar no Programa Antártico Brasileiro
O investimento neste navio polar ressalta a valorização do governo no Proantar, projeto que já tem mais de quatro décadas. Ele não só solidifica a posição do Brasil no Tratado da Antártida, concedendo-lhe poder de veto, como também viabiliza pesquisas científicas nacionais no continente.
O Capitão de Mar e Guerra Marcelo Gomes, assessor do Proantar, destacou a importância deste compromisso. “Cabe a nós oferecer apoio e suporte logístico às atividades conduzidas pelo governo na Antártida, incluindo navios, helicópteros, médicos e mergulhadores”, declarou.
Conhecendo o Proantar
O Programa Antártico Brasileiro, conhecido como Proantar, é uma iniciativa governamental sob a administração da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM). Seu principal objetivo é marcar e reforçar a presença brasileira no continente da Antártida e nas águas do oceano Austral. O programa coordena pesquisas e fornece apoio operacional para atividades científicas na região.
Atualmente, o Proantar mantém a Estação Antártica Comandante Ferraz em funcionamento durante todo o ano, além de acampamentos sazonais erguidos conforme as necessidades de determinados projetos de pesquisa. O programa opera com dois navios: um focado em investigações e o outro voltado ao apoio logístico, ambos navegando nas águas antárticas.
Pesquisas e atuações do Proantar
O Proantar tem sido fundamental para o desenvolvimento de pesquisas em áreas diversas, que vão desde a biologia marinha até a preservação ambiental. Estudos sobre a modelagem oceanográfica, exames da biodiversidade com potenciais aplicações farmacêuticas ou agrícolas, e análises meteorológicas para compreender impactos climáticos no Brasil estão entre as iniciativas realizadas no continente gelado.
A 42ª Operação Antártica
Recentemente, o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel e o navio polar Almirante Maximiano lançaram a 42ª Operação Antártica, que se destaca como uma das missões mais extensas e complexas até o momento. Cerca de 150 pesquisadores trabalharão em 23 projetos distintos nesta edição.
Estas missões, realizadas principalmente durante os meses de verão, abrangem pesquisas desenvolvidas a bordo dos navios, na Estação Antártica Comandante Ferraz, em acampamentos isolados e até em parceria com estações de outros países.
Divulgação e sensibilização
Andréa Cancela da Cruz, coordenadora-geral de Ciências para Oceano e Antártica do MCTI, reforça a importância das pesquisas em território antártico, referindo-se à região como “um laboratório natural com mínima interferência humana”. Ela destaca a continuidade do Proantar, afirmando que, mesmo com diferentes governos, o programa nunca foi interrompido em seus 42 anos de existência.
O MCTI, enquanto gestor científico do Proantar, não apenas apoia as atividades de pesquisa, mas também se dedica à divulgação dos resultados obtidos. A intenção é conscientizar a população sobre a relevância da Antártica e a necessidade de preservação dos ecossistemas globais.
Marinha do Brasil
A Marinha do Brasil é o ramo mais antigo entre as três Forças Armadas do país e tem como função principal a realização de operações navais. Ela é reconhecida como a maior marinha da América Latina e ocupa a segunda posição em tamanho no continente americano, ficando atrás apenas da Marinha dos Estados Unidos. O Marquês de Tamandaré é considerado seu patrono.
A principal responsabilidade da Marinha do Brasil é assegurar a defesa nacional em colaboração com as outras Forças Armadas. No desempenho de sua missão constitucional, a Marinha do Brasil é encarregada de mobilizar e empregar o Poder Naval. Além disso, tem também o dever de auxiliar no progresso do país e na defesa civil, conforme diretrizes estabelecidas pelo Presidente da República.