O setor aéreo está apostando no Combustível Sustentável de Aviação (SAF) como uma solução para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. No entanto, as empresas do ramo seguem enfrentando desafios como custos elevados e logística complexa no mercado. Pensando nisso, elas estão explorando o mecanismo “book and claim”, que permite que companhias aéreas comprem créditos correspondentes ao uso do SAF, mesmo sem acesso físico ao combustível, abrindo espaço para a viabilização do uso e da comercialização do combustível sustentável. Essa pode ser a principal aposta para superar os desafios de logística para os próximos anos.
Comercialização “book and claim” do combustível sustentável no setor aéreo
Mirando na agenda ambiental global, o setor aéreo está buscando transformações para enfrentar o desafio das emissões de gases de efeito estufa. Assim, o combustível sustentável SAF está surgindo como uma alternativa que promete reduzir consideravelmente as emissões poluentes em comparação com o querosene convencional.
Com estimativas indicando que o SAF pode representar até 65% das metas de redução de emissões da indústria, o mercado está buscando mecanismos para adotar essa iniciativa já nos próximos anos. Apesar do potencial do SAF, o setor aéreo ainda enfrenta desafios para sua implementação. Custos elevados e a baixa escala de produção são os principais obstáculos, mas a logística também tem se tornado um problema.
A produção do SAF precisa ocorrer próxima aos locais de consumo para evitar emissões indesejadas no transporte. Assim, para contornar os problemas do mercado e viabilizar a comercialização do combustível, o setor aéreo está de olho em um mecanismo chamado “book and claim”. O “book and claim” é um processo que ainda está em fase de teste, mas visa contornar as dificuldades logísticas associadas ao SAF.
Funcionando como uma cadeia de custódia, semelhante ao programa Renovabio no Brasil, esse sistema permite que empresas aéreas adquiram créditos correspondentes ao uso do SAF, mesmo sem acesso físico ao combustível sustentável. Essa flexibilidade se torna uma estratégia interessante para as empresas iniciarem a mitigação da poluição e contornarem as dificuldades logísticas enquanto aguardam a produção em larga escala do SAF no mercado do Brasil.
Gol é a pioneira a viabilizar a comercialização do SAF com “book and claim”
A Gol se tornou a primeira empresa do setor aéreo brasileiro a testar o “book and claim”. Em um projeto-piloto em parceria com a distribuidora de combustíveis Vibra, a Gol iniciou testes operacionais em setembro desse ano. Agora, a companhia está em negociação com fornecedores nos Estados Unidos e na Europa para abastecer aeronaves no exterior e compensar os créditos no Brasil.
Essa iniciativa coloca a Gol em destaque nas mudanças do setor aéreo, buscando maneiras de adotar práticas mais sustentáveis. No entanto, o “book and claim” não é exclusividade do mercado brasileiro. No cenário global, gigantes corporativos como Microsoft e Google já adotam estratégias semelhantes.
Essas empresas buscam compensar as emissões de viagens corporativas e logística por meio da compra de créditos relacionados ao SAF. Essa abordagem beneficia o setor aéreo e contribui para a redução das emissões em cadeias mais amplas, como discutido no chamado Escopo 3 do GHG Protocol. Embora promissora, a implementação do “book and claim” no mercado de SAF enfrenta desafios. A produção nacional de SAF ainda precisa crescer para viabilizar esse mecanismo de comercialização.
Além disso, garantir a segurança jurídica e transparência na comercialização e compensação é um ponto essencial para que essa iniciativa ganhe espaço no mercado. Com a Gol como destaque no setor aéreo do Brasil, a expectativa é que mais empresas do segmento comecem a migrar para a adoção do combustível sustentável.