Em uma participação recente, Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, destacou a importância de intensificar os esforços do Brasil na produção de aço, alumínio, amônia e fertilizantes de baixo carbono a preços competitivos, direcionando o foco para a indústria verde. Esta abordagem visa impulsionar a competitividade nacional, além de contribuir para as políticas globais de transição para uma economia mais sustentável.
Brasil: Potencial líder na descarbonização industrial, segundo Santos
Observa-se uma clara transformação na indústria, onde empresas estão se esforçando para limitar o aquecimento global por meio da produção mais limpa e sustentável. Nesse contexto, Santos ressaltou a necessidade urgente de investimentos substanciais, estimando que trilhões de dólares serão necessários em um espaço de tempo relativamente curto.
De acordo com Santos, o Brasil destaca-se como um dos poucos países capazes de realizar a descarbonização de sua indústria e, ao mesmo tempo, colher benefícios econômicos. A lacuna existente, portanto, reside na falta de investimentos e na ausência de planos estrategicamente estabelecidos.
“O Brasil talvez seja um dos únicos países do mundo que consegue fazer sua descarbonização e ganhar dinheiro com isso, se fizer direito. É uma questão de timing e de adotar as políticas corretas”.
Desafios econômicos e ambientais: Investimentos cruciais para a Transição
Recentemente, importantes recomendações foram lançadas para orientar os países na transição da siderurgia, com os grupos G7 e G20 liderando esse movimento. Para o Brasil, a análise aponta a necessidade de um roadmap que estabeleça metas de redução no setor de aço, abrangendo o período entre 2030 e 2050. Este direcionamento é resultado do trabalho realizado pelo Instituto E+.
“Para usar um novo energético, a indústria precisa mudar sua forma de produção. É um investimento bem alto. Nenhum empresário vai fazer um movimento deste se não tiver demanda. Essa é a observação do estudo”.
Para impulsionar a demanda, Santos destaca a importância de políticas como a de reindustrialização verde, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e o Plano de Transformação Ecológica. O papel das compras públicas e a negociação de acordos bilaterais internacionais emergem como elementos cruciais para assegurar um reconhecimento diferenciado.
“O mundo, principalmente o Norte global, fala muito de produto verde, mas na hora de comprar, eles não valorizam. Se nós vamos ter produtos verdes para vender, a demanda precisa pagar, e isso precisa aparecer nos documentos públicos”.
Papel fundamental na construção da Indústria Verde brasileira
Rosana Santos aponta eletricidade, hidrogênio e biometano como principais energéticos para impulsionar a descarbonização do setor produtivo. Ela destaca que o Brasil possui características ideais para estabelecer um parque industrial robusto, o qual não beneficiaria apenas o país, mas também contribuiria significativamente para a redução global das emissões de gases de efeito estufa.
“O mundo está se mexendo. Se conseguirmos aproveitar essa janela de oportunidade da emergência climática e fazer a descarbonização do nosso parque industrial no tempo correto — desde produtos semi-acabados até produtos finalizados –, nossos produtos verdes vão conseguir passar essas barreiras com um preço, provavelmente, muito mais competitivo que outros mercados que estão tentando fazer a mesma coisa”.
Em um chamado à ação, Santos destaca a necessidade de alinhar as políticas brasileiras à urgência de impulsionar a industrialização de maneira sustentável. Isso não só beneficiaria a nação, mas também desempenharia um papel crucial nas iniciativas globais para um futuro mais verde e equilibrado. A busca pela visibilidade da indústria verde nas políticas de transição é vital para a construção de um cenário econômico e ambientalmente mais resiliente.