Home INDÚSTRIA Gerente executivo de Logística da Petrobras revela que ampliação do biorrefino exige investimentos em infraestrutura

Gerente executivo de Logística da Petrobras revela que ampliação do biorrefino exige investimentos em infraestrutura

A Petrobras tem interesse em entrar no mercado de hidrogênio, vislumbrando vantagens no comércio internacional dessa fonte de energia.

by Andriely Medeiros
A Petrobras tem interesse em entrar no mercado de hidrogênio, vislumbrando vantagens no comércio internacional dessa fonte de energia.

Em busca de um futuro mais sustentável, a Petrobras apresentou seu novo plano de negócios para o período de 2024 a 2028, com destaque para a ampliação do biorrefino em sua matriz de produtos. A iniciativa visa não apenas oferecer opções mais sustentáveis ao mercado, mas também demanda grandes investimentos em infraestrutura logística para viabilizar o aumento da movimentação desses novos produtos.

Novo plano de negócios da Petrobras prioriza produtos sustentáveis e infraestrutura dedicada para movimentação

O gerente executivo de Logística da Petrobras, Daniel Sales, enfatizou a importância de evitar qualquer tipo de contaminação entre os produtos fósseis e os derivados com conteúdo renovável na infraestrutura logística. Para tanto, a empresa planeja investir cerca de US$ 600 milhões no Programa de BioRefino para o desenvolvimento de uma nova geração de combustíveis.

O primeiro produto lançado pela companhia nesse novo plano é o diesel com conteúdo renovável, obtido por meio do coprocessamento de diesel mineral com óleo vegetal. A Petrobras planeja instalar projetos de coprocessamento nas refinarias Presidente Bernardes (RPBC), Paulínia (Replan) e Duque de Caxias (Reduc). Além disso, uma planta dedicada à produção de BioQAV e diesel com matéria-prima 100% renovável também será instalada na RPBC.

Outras refinarias, como Capuava (Recap), Gabriel Passos (Regap) e Abreu e Lima (Rnest), também estão sob estudo para produzir diesel com teor renovável. A empresa avalia ainda a implantação de novas plantas dedicadas à produção de BioQAV e diesel renovável na Rnest e no Polo Gaslub. A longo prazo, a Petrobras tem interesse em entrar no mercado de hidrogênio, vislumbrando vantagens competitivas para o Brasil no comércio internacional dessa fonte de energia.

Na última segunda-feira (31), Sales participou de um evento online da FGV Energia. Em uma de suas falas, ele revelou que “estamos trabalhando no momento no processo de certificação nosso QAV [querosene de aviação] verde, por exemplo, e vamos precisar de dutos qualificados”.

Investimentos em logística alternativa podem ampliar a infraestrutura e reduzir emissões no país

Contudo, investir em infraestrutura para as novas fontes de energia apresenta-se como um desafio adicional para o Brasil, que ainda precisa expandir sua infraestrutura para suprir a crescente demanda por combustíveis fósseis em todo o país. Victor Bomfim, CEO da Vast Infraestrutura, ressalta que a movimentação de petróleo cru já compete com a movimentação de derivados nos terminais, resultando em estresse logístico.

“O Brasil hoje exporta algo da ordem de 1,6 milhão de barris/dia, quando há dez anos exportava 400 mil barris/dia. Toda essa movimentação estressa o modal logístico”, revelou Bomfim.

Uma alternativa para lidar com essa situação é incentivar a movimentação de combustíveis por modais alternativos ao rodoviário, como o ferroviário e a cabotagem, que apresentam maior eficiência energética e poderiam ampliar a infraestrutura de movimentação de combustíveis no país, além de reduzir emissões. Tais investimentos, contudo, são de grande porte e exigem contratos de longo prazo e demanda garantida para viabilizá-los.

Jones Soares, diretor de Operações de Transporte Marítimo, Dutos e Terminais da Transpetro, ressalta a necessidade de políticas de longo prazo que sobrevivam a diferentes governos para viabilizar esses investimentos. Ele enfatiza que o governo deve atuar dando segurança aos investidores, possibilitando o avanço das iniciativas sem depender exclusivamente do setor público.

Em um cenário de crescente busca por soluções energéticas mais sustentáveis, o investimento em biorrefino e a infraestrutura para suportá-lo representam passos significativos para o futuro da indústria de energia no Brasil. A Petrobras reafirma seu compromisso com a transição energética, alinhando-se às tendências globais e buscando consolidar sua posição como uma empresa referência na produção e comercialização de energéticos limpos e renováveis.

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