Home DESTAQUE Gasolina, Diesel e Etanol: entenda as variações nos preços dos combustíveis em 2023 e como isso reflete a economia do país

Gasolina, Diesel e Etanol: entenda as variações nos preços dos combustíveis em 2023 e como isso reflete a economia do país

by Veronica Stivanim
Gasolina, Diesel e Etanol: variação de preço e economia.

No decorrer de 2023, os preços dos combustíveis apresentaram flutuações notáveis nos postos de abastecimento em todo o país. Dados recentes divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelaram um cenário de aumento no preço médio da gasolina, enquanto o diesel e o etanol sofreram quedas significativas, impactando a economia.

Gasolina, Diesel e Etanol: entenda as variações nos preços dos combustíveis em 2023 e como isso reflete a economia do país

Ao longo do ano, o preço médio da gasolina subiu de R$ 4,96 na última semana de 2022 para R$ 5,58 na semana de 24 a 30 de dezembro de 2023, indicando um aumento de 12,5%.

Etanol: queda notável

Por outro lado, o etanol encerrou o ano de 2022 custando R$ 3,87 e, na última semana de 2023, foi registrado um valor médio de R$ 3,42, marcando uma queda de 11,6%.

Diesel: redução significativa

Em suma, o diesel, que fechou o ano anterior a R$ 6,25, registrou um valor de R$ 5,86 na última semana de 2023, refletindo uma queda de 6,24% no decorrer do ano.

Fatores influenciadores das variações de preço

Diversos elementos impactaram as oscilações nos valores praticados nos postos de combustíveis ao longo de 2023. Concisamente, entre esses fatores estão a reoneração dos combustíveis, a cotação internacional do petróleo, as mudanças no câmbio e os ajustes de preços adotados pela Petrobras em suas refinarias. Já no caso específico do etanol, a safra da cana-de-açúcar também teve um papel determinante nos valores praticados.

Estabilidade após variações intensas

Contudo, apesar das flutuações consideráveis nos preços durante o primeiro semestre de 2023, observou-se uma estabilização nas curvas de valores a partir do mês de agosto, tanto para a gasolina quanto para o diesel e o etanol.

Explicação para as variações

O ano foi marcado pela reintrodução dos impostos federais sobre os combustíveis, juntamente com influências da cotação internacional do petróleo, as alterações no câmbio e os reajustes praticados pela Petrobras. Em síntese, esta última, aliás, modificou sua política de preços durante o ano, contribuindo para as mudanças percebidas nos postos de abastecimento.

Impacto da reoneração dos combustíveis

Além disso, a cobrança total de PIS/Cofins para gasolina e etanol foi retomada em junho de 2023. Assim, exercendo pressão nos preços dos combustíveis, especialmente na gasolina. Esta reintrodução já era prevista, pois, em março do mesmo ano, o governo Lula havia implementado um aumento parcial dos tributos.

Comparação de políticas: Bolsonaro x Lula

Resumidamente, a reoneração dos combustíveis reverteu a decisão anterior do ex-presidente Jair Bolsonaro de zerar os impostos federais em 2022. Essa medida, realizada em um contexto de elevação dos preços e próximas eleições presidenciais, foi interpretada na época como uma estratégia eleitoreira por parte de economistas e analistas políticos.

Exceção do diesel e previsões para 2024

Contrariamente, o diesel permaneceu isento de impostos federais em 2023, exceto por cobranças antecipadas para financiar o programa de carros populares. No entanto, a reintegração total do PIS/Cofins para este combustível está programada para 2024.

Apesar da reintrodução dos impostos, especialistas indicam que os impactos nos preços foram moderados. Segundo André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, os efeitos da reoneração foram atenuados devido ao comportamento dos preços do petróleo no mercado internacional, que apresentaram uma tendência de declínio.

Cotação internacional do petróleo e suas influências

O preço do barril de petróleo tipo Brent, referência no mercado, encerrou 2022 cotado a US$ 85,91. Um ano depois, em 29 de dezembro de 2023, registrou-se uma cotação de US$ 77,04, refletindo uma queda de 10,3%. André Galhardo, da Análise Econômica, destaca que, apesar de alguns aumentos pontuais, houve uma tendência de desvalorização ao longo do ano.

Em resumo, ele menciona que os aumentos foram uma resposta ao aquecimento da economia norte-americana e sinais de uma retomada mais robusta da economia chinesa. Porém, essas previsões não se concretizaram. Uma vez que a China não apresentou o crescimento esperado, e os dados nos Estados Unidos ainda se mantiveram “incipientes”.

Além disso, Galhardo ressalta a influência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na variação dos preços. Em uma reunião no final de novembro, a Opep anunciou novos cortes na produção, porém, sem consenso entre os membros.

Isso resultou na manutenção da produção elevada, contribuindo para a queda no preço da commodity. No entanto, é importante lembrar que a redução da oferta é uma estratégia utilizada pelo grupo para valorizar a commodity: menos petróleo no mercado implica em uma maior valorização do produto.

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