A falta de produção de petróleo na margem equatorial, uma área do litoral norte do Brasil, pode levar o país de volta à importação de petróleo dentro de dez anos. A diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos, fez essa afirmação durante uma aula aberta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ela, o Brasil é autossuficiente em petróleo desde 2006, mas se novas descobertas não forem feitas na margem equatorial, o cenário pode mudar significativamente.
A margem equatorial e seu potencial
A margem equatorial é uma região que se estende da costa do Rio Grande do Norte até o Amapá. Essa área é considerada uma nova fronteira para a exploração de petróleo, com um grande potencial para descobrir reservatórios semelhantes ao pré-sal.
Contudo, essa exploração na margem equatorial enfrenta críticas de ambientalistas, que temem danos ao meio ambiente devido às atividades de extração. Atualmente, a Petrobras possui 16 poços na margem equatorial, mas só tem autorização para perfurar dois na costa do Rio Grande do Norte. O Ibama, que é o órgão responsável pela licença ambiental, negou licenças para outras áreas, como a Bacia da Foz do Amazonas.
Licenças e desafios da Petrobras
Sylvia Anjos mencionou que a Petrobras já atendeu a várias exigências do Ibama para conseguir a licença de exploração na margem equatorial. Isso inclui a criação de um centro para acolhimento de animais em caso de derramamento de petróleo e a realização de simulações de emergência. A diretora também refutou informações errôneas sobre a presença de corais na foz do rio Amazonas, afirmando que estudos demonstram que não existem corais na região da margem equatorial.
O Ibama ainda não definiu uma data para a resposta ao pedido de reconsideração da Petrobras sobre a licença para explorar a margem equatorial. A estatal também pediu à ANP a suspensão do prazo para realizar a exploração na Bacia da Foz do Amazonas, para não perder tempo de concessão sem a licença.
O impacto do atraso na produção de petróleo
Mesmo que a licença fosse concedida rapidamente, a Petrobras estima que a perfuração na margem equatorial não começaria antes de 2025. A espera pela licença de exploração na margem equatorial acarreta prejuízos operacionais, pois a empresa já gastou com operações que não foram realizadas. Um exemplo é o aluguel de uma sonda de perfuração, que custa cerca de US$ 600 mil por dia. A falta de licença para a margem equatorial está atrasando o início de novas operações e, portanto, o aumento da produção de petróleo.
Embora o interesse pela margem equatorial tenha crescido nos últimos anos, o pedido de licença da Petrobras foi feito em 2013. Atualmente, dois poços na margem equatorial estão sendo perfurados, mas ainda não se sabe se a quantidade de petróleo encontrada será lucrativa. Anjos afirmou que todas as reservas de petróleo são importantes e que a empresa está buscando tecnologias que tornem a produção na margem equatorial viável, mesmo que não atinja os níveis do pré-sal.
A transição energética e o futuro do petróleo no Brasil
Sylvia Anjos defende que a busca pela exploração de petróleo na margem equatorial não contraria a política ambiental do Brasil. A Petrobras está implementando tecnologias que reduzem a emissão de CO₂ durante a produção de petróleo. A diretora acredita que o petróleo continuará sendo uma fonte de energia necessária no futuro, tanto para a indústria quanto como matéria-prima.
A meta da Petrobras é alcançar uma produção de petróleo com emissão de carbono significativamente inferior à média global. A expectativa é de que a companhia alcance o chamado net zero, ou saldo negativo de emissão de carbono, antes de 2050. A exploração da margem equatorial é essencial para garantir que o Brasil não retorne à importação de petróleo nos próximos anos.
Com o aumento da demanda por petróleo, a Petrobras está focada em garantir que a exploração da margem equatorial ocorra de maneira sustentável. A dependência da importação de petróleo pode ser evitada se a Petrobras conseguir a licença e realizar a exploração na margem equatorial de forma eficaz. Assim, o Brasil pode continuar a sua trajetória como produtor autossuficiente de petróleo, reduzindo a necessidade de importação e promovendo o desenvolvimento econômico.