Na última quarta-feira (27), o Reino Unido oficializou o compromisso com a produção de combustíveis fósseis nas próximas décadas, ao autorizar o desenvolvimento do campo de petróleo e gás Rosebank, no Mar do Norte. Propriedade majoritária da Equinor, empresa estatal norueguesa de energia, este campo detém o potencial para produzir impressionantes 500 milhões de barris de petróleo.
Impacto ambiental e controvérsias
O projeto Rosebank tem gerado críticas pela sua contribuição potencial para a crise climática, pondo em risco o compromisso do Reino Unido de cortar emissões de carbono até 2050. Grupos ambientais e críticos apontam que o campo contribuirá expressivamente para a dependência de combustíveis fósseis, enquanto o país exporta 80% do seu petróleo. A iniciativa levanta questões sobre como o Reino Unido planeja equilibrar suas metas climáticas com o desenvolvimento contínuo de campos de petróleo e gás.
Equinor e o argumento da segurança energética
A Equinor sustenta que o projeto Rosebank está alinhado com o Acordo de Transição do Mar do Norte, assinado com o governo britânico, que reconhece a contínua demanda por petróleo. A empresa norueguesa argumenta que a decisão de investir está ligada à segurança de suprimento no país. A empresa se compromete a investir em energias renováveis e iniciativas de redução de emissões, enquanto prossegue com o desenvolvimento do campo de petróleo e gás.
O primeiro-ministro Rishi Sunak expressou o desejo de “maximizar” os desenvolvimentos de petróleo e gás no Mar do Norte, emitindo centenas de novas licenças. Sunak defende que esses projetos proporcionarão segurança energética e ajudarão a reduzir custos. No entanto, a AIE e diversos grupos climáticos reforçam que o desenvolvimento de novos campos ameaça os compromissos climáticos globais, e que o Reino Unido deveria focar em alternativas sustentáveis.
Compromissos climáticos do Reino Unido
O Reino Unido estabeleceu metas ambiciosas de redução de emissões, buscando cortar as emissões de carbono em 68% até 2030 e 77% até 2035, em comparação com os níveis de 1990. Essas metas estão alinhadas com o Acordo de Transição do Mar do Norte, que reconhece a demanda contínua por petróleo, mas busca atendê-la com o mínimo de emissões possível.
Críticos questionam benefícios e consistência
Tessa Khan, da organização Uplift, contesta as afirmações de benefícios econômicos e de segurança, salientando que a maior parte do petróleo será exportada e revendida a preços elevados. A Uplift, juntamente com outros ativistas e políticos, pretende iniciar ações legais contra a decisão, argumentando que vai contra os esforços do Reino Unido para a transição energética.
Claire Coutinho, ministra da segurança energética e zero emissões do Reino Unido, ressalta os benefícios econômicos e a redução da dependência de importações. Ela destaca o papel de liderança do Reino Unido na redução de emissões, mas insiste na necessidade de pragmatismo. A decisão de prosseguir com o campo de petróleo e gás, enquanto busca alternativas renováveis, reflete a tensão entre objetivos econômicos e ambientais.
Equinor ressalta impacto positivo na economia gerado pelo novo investimento
A Equinor ressaltou que o projeto Rosebank irá estimular a economia local, com um investimento de 8,1 bilhões de libras e a criação de 1.600 empregos. Esses benefícios são apontados como vitais, mas grupos ambientais argumentam que o custo ambiental supera os ganhos econômicos.
Este desenvolvimento marca um ponto crítico na abordagem do Reino Unido às mudanças climáticas e à produção de energia. O campo Rosebank e outros projetos semelhantes demonstram a difícil tarefa de equilibrar as necessidades energéticas com o compromisso ambiental. A decisão do governo britânico e o papel da Equinor neste projeto serão cruciais para determinar o caminho que o Reino Unido seguirá frente aos crescentes desafios climáticos.