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Equador fecha acordo histórico com grupo indígena e põe fim ao impasse em campo de petróleo

Protestos da comunidade indígena em Orellana paralisam produção de petróleo em importante campo de Ishpingo no Equador.

by Marcelo Santos
Equador fecha acordo histórico com grupo indígena e põe fim ao impasse em campo de petróleo

O Equador anunciou recentemente um acordo com a comunidade indígena Waorani Kawymeno, da província de Orellana, visando encerrar os protestos que bloquearam o acesso ao campo de petróleo de Ishpingo, localizado na reserva amazônica Yasuní. Esses protestos tiveram um grande impacto na produção de petróleo na região e levaram a petrolífera estatal Petroecuador a declarar “força maior” e interromper suas operações.

Impacto nos campos de petróleo do Equador

Os protestos em Orellana resultaram na redução da produção de petróleo em Ishpingo em cerca de 17.000 barris por dia, o que teve implicações sérias para a economia e a indústria de energia do Equador. Após intensas negociações, o Ministério de Energia e Mineração anunciou que um acordo foi alcançado com os Waorani Kawymeno e que as extrações seriam retomadas.

O Ministério reconheceu que promessas de obras públicas feitas a comunidades indígenas pelos governos anteriores não foram cumpridas. Como parte do acordo, o governo se comprometeu a mobilizar maquinaria para iniciar trabalhos de limpeza de terreno, fornecer conexão com a internet à comunidade e disponibilizar alimentos, toldos, cobertores e medicamentos.

Orellana é uma província do Equador situada na região geográfica da Amazônia, e a situação nessa área é de grande importância tanto para a indústria de petróleo quanto para as comunidades indígenas que a habitam.

A controvérsia da exploração de petróleo no Equador

O Parque Nacional Yasuní, localizado nas profundezas da Amazônia do Equador, é a maior reserva de petróleo do país, abrigando o Bloco 43, conhecido como ITT, que representa os campos petrolíferos de Ishpingo, Tambococha e Tiputini. Essa área é caracterizada por sua biodiversidade única e foi reconhecida como reserva da biosfera pela Unesco em 1989.

A decisão de explorar ou preservar essa região tem sido um dilema constante para o Equador. Em agosto de 2023, os equatorianos votaram pelo fim da extração de petróleo na reserva, o que impactaria diretamente os projetos liderados pela Petroecuador.

Desafios econômicos e ambientais

A Petroecuador afirma que será materialmente impossível cumprir o prazo de um ano para encerrar as operações na região, citando a necessidade de protocolos complexos para o fechamento dos poços e desmonte das estruturas. O governo do Equador calcula um prejuízo anual de 1,2 bilhão de dólares (quase R$ 6 bilhões) em rendimentos com a venda de petróleo bruto se a extração for interrompida.

No entanto, ambientalistas argumentam que o impacto econômico real pode ser menor, à medida que o preço do petróleo bruto pesado extraído em Yasuní se torna menos rentável ao longo do tempo.

Um futuro em equilíbrio

O Equador enfrenta um desafio complexo, equilibrando a necessidade de preservar um ecossistema único e valioso com os benefícios econômicos da exploração de seus recursos de petróleo. A situação em Yasuní continua a ser uma questão de debate, enquanto o país busca encontrar soluções que respeitem tanto o meio ambiente quanto as necessidades econômicas.

Neste cenário delicado, o acordo com os Waorani Kawymeno é um passo significativo em direção à resolução dos conflitos imediatos, mas a questão mais ampla sobre o futuro da exploração de petróleo em Yasuní permanece em aberto. O Equador, como muitos países, enfrenta o desafio contínuo de conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental em um mundo cada vez mais consciente do impacto das atividades humanas no meio ambiente.

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