A produção de garrafas PET tem sido um grande desafio para a descarbonização, visto que o P-xileno, que representa cerca de 70% de toda a matéria-prima, só podia ser produzido em massa utilizando materiais derivados do petróleo até então. Sendo assim, a Mitsubishi e ENEOS fecharam parceria para desenvolver uma garrafa sem derivados de petróleo, utilizando exclusivamente óleo de cozinha usado e outros recursos biológicos.
Desafios encontrados pela Mitsubishi e ENEOS
A ENEOS, uma grande atacadista de petróleo, desenvolveu uma tecnologia para produzir P-xileno em massa utilizando apenas óleo de cozinha usado e outros recursos biológicos, e agora está trabalhando ao lado da Suntory Holdings e a Mitsubishi Corporation para fabricar garrafas sem derivados de petróleo.
Essa é a primeira venda no mundo de uma garrafa pet que não utiliza nenhuma matéria-prima derivada do petróleo. A produção de plástico derivado de recursos biológicos começará ainda neste ano em uma refinaria na cidade de Kurashiki (Okayama), e será utilizada para a produção de garrafas sem derivados de petróleo a partir de 2024, com uma remessa anual prevista para aproximadamente 35 milhões de unidades.
Custo de produção das novas garrafas da Mitsubishi e ENEOS
O custo de produção das novas garrafas PET é um desafio a ser enfrentado pela Mitsubishi e ENEOS, visto que é relativamente alto em comparação com as garrafas comuns, entretanto esta é a primeira vez no mundo que garrafas PET elaboradas exclusivamente de recursos biológicos serão produzidas comercialmente. Segundo um gerente do grupo ENEOS, o P-xileno também é utilizado para efetuar fibras de vestuário. A empresa gostaria de utilizar esta iniciativa para ampliar ainda mais o uso de matérias-primas limpas.
Outras iniciativas para deixar o petróleo de lado
A ENEOS e a Mitsubishi viabilizarão a produção de bioparaxileno, convertido em seguida e ácido tereftálico purificado (PTA). A composição de PET é integrada por 70% de PTA e 30% de monotileno glicol (MEG). Como já existe versão renovável de MEG, a Eneos planeja utilizar os dois biomateriais para formular o poliéster de base renovável.
Em um experimento inicial agendado para o final do ano, os três grupos preveem disponibilidade de bioparaxileno suficiente para a produção de 35 milhões de garrafas sem derivados de petróleo com foco no setor de bebidas não alcoólicas do portfólio da Suntory Holdings. Em 2024, o biopoliéster ganha escala industrial para dar forma às garrafas sustentáveis da empresa parceira.
Além desta iniciativa das empresas, pesquisadores da USP estão atuando na transformação de CO2 em combustível ou plásticos. Mesmo submetido à alta pressão, um novo catalisador composto à base de níquel, zinco e carbono transformou CO2, um dos principais gases de efeito estufa (GEE), em monóxido de carbono (CO).
Segundo os pesquisadores, os experimentos acontecem em dois grupos separados de pesquisa do IQ-USP, sendo uma no Laboratório de Nanomateriais e Catálise e outro no Laboratório de Carbono Sustentável, que está sendo acompanhado pelo professor Pedro Vidinha, coautor da pesquisa.
Cientistas transformam plástico em sabão
Apesar das iniciativas para produzir garrafas sem derivados de petróleo, também é necessário pensar em uma forma de reciclar o plástico já produzido pela humanidade.
Desta forma, um grupo de pesquisadores da Virginia Tech, nos EUA, descobriu uma forma que possibilita dar uma nova vida ao plástico desgastado, transformando-o em sabão.
Segundo Guoliang Liu, professor de química e autor do estudo, afirmou ter observado e pesquisado a semelhança entre plástico e os ácidos graxos e que poderia, desta forma, realizar a transformação do polietileno em sabão.
Até então, o problema era o tamanho a nível molecular, visto que os plásticos são grandes, tendo cerca de 3 mil átomos de carbono, enquanto os ácidos graxos são bem menores, conforme o professor.