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Cientistas descobrem “superpoderes” em árvores ancestrais para combater o aquecimento global

Árvores do gênero Liriodendron são eficientes no armazenamento de carbono, ajudando a mitigar mudanças climáticas.

by Andriely Medeiros
Árvores do gênero Liriodendron são eficientes no armazenamento de carbono, ajudando a mitigar mudanças climáticas.

Árvores são conhecidas por seu papel crucial na absorção de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, mas algumas espécies se destacam nessa função. Recentemente, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Jaguelônica, na Polônia, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, trouxe à tona a importância das árvores do gênero Liriodendron no armazenamento de carbono. Essas árvores, que incluem o tulipeiro (Liriodendron tulipifera) e o tulipeiro-chinês (Liriodendron chinense), são altamente eficientes em capturar e reter carbono, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.

A eficácia das árvores do gênero Liriodendron no armazenamento de carbono

Os resultados do estudo, publicados na renomada revista científica New Phytologist, revelam que as árvores do gênero Liriodendron possuem uma habilidade excepcional de armazenar carbono em suas estruturas de madeira. Utilizando um microscópio eletrônico de varredura (cryo-SEM), os pesquisadores compararam diferentes tipos de árvores, incluindo espécies de madeiras macias e duras. A análise mostrou que as macrofibrilas presentes na parede vegetal secundária das árvores Liriodendron são adaptadas para capturar e armazenar maiores quantidades de carbono de forma eficiente.

Segundo Jan Łyczakowski, cientista polonês e autor do estudo, as árvores do gênero Liriodendron divergiram de outros grupos há cerca de 30 a 50 milhões de anos, um período que coincidiu com uma rápida diminuição dos níveis de carbono na atmosfera. Essa evolução pode ter levado ao desenvolvimento de características específicas que tornaram essas árvores altamente eficazes no armazenamento de carbono. “As espécies são conhecidas por serem excepcionalmente eficientes em reter carbono, e sua estrutura macrofibrilar ampliada pode ser uma adaptação desenvolvida para ajudá-las a capturar e armazenar mais prontamente maiores quantidades de carbono”, afirma Łyczakowski.

Características e distribuição do tulipeiro e tulipeiro-chinês

O tulipeiro é nativo da América do Norte, enquanto o tulipeiro-chinês é originário do sul da China e do Vietnã. Ambas as espécies podem ultrapassar os 40 metros de altura e possuem flores atrativas, o que as torna populares no paisagismo. Além de sua beleza estética, essas árvores são verdadeiros “armazéns” de carbono, desempenhando um papel vital na redução dos níveis de CO₂ na atmosfera.

As descobertas do estudo têm implicações significativas para a gestão de áreas verdes e florestas. Em resposta aos desafios das mudanças climáticas, alguns países do leste asiático já estão utilizando plantações de Liriodendron para reter carbono de forma eficiente. “Alguns países do leste asiático já estão usando plantações de Liriodendron para reter carbono de forma eficiente, e agora achamos que isso pode estar relacionado à sua nova estrutura de madeira”, destaca Łyczakowski.

O uso dessas árvores em projetos de reflorestamento e paisagismo urbano pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a captura de carbono e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, a introdução dessas espécies em áreas urbanas pode melhorar a qualidade do ar, reduzir a poluição e proporcionar benefícios estéticos e recreativos para as comunidades locais.

Entenda o que causa o aquecimento global

O aquecimento global é um fenômeno caracterizado pelo aumento gradual da temperatura média da Terra. Este processo é amplamente atribuído a atividades humanas que aumentam a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Esses gases, como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄), óxidos de nitrogênio (NOₓ) e clorofluorocarbonetos (CFCs), têm a capacidade de reter calor na atmosfera, impedindo que ele escape para o espaço.

A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, é a principal fonte de emissão de CO₂, o principal gás de efeito estufa. Essas atividades ocorrem principalmente em setores como transporte, geração de energia e indústrias. Além disso, o desmatamento contribui significativamente para o aquecimento global, pois reduz a capacidade das florestas de absorver CO₂ da atmosfera.

Outro fator importante é a agricultura e a pecuária, que liberam grandes quantidades de metano, um gás de efeito estufa muito mais potente do que o CO₂ em termos de retenção de calor. A decomposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários também é uma fonte significativa de metano.

Além dos gases de efeito estufa, o uso de fertilizantes à base de nitrogênio libera óxidos de nitrogênio na atmosfera. Esses compostos não apenas contribuem para o aquecimento global, mas também para outros problemas ambientais, como a acidificação dos oceanos.

Outro fator que exacerba o aquecimento global é o efeito de retroalimentação positiva. À medida que as temperaturas aumentam, o gelo polar e as geleiras derretem, reduzindo a quantidade de superfícies refletoras (albedo) que enviam a luz solar de volta ao espaço. Isso faz com que mais calor seja absorvido pelos oceanos e pela terra, acelerando ainda mais o processo de aquecimento.

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