A Quinto Energy está revolucionando o cenário de energia renovável no Brasil com seu megaprojeto de eólicas, o Complexo Manacá. Este empreendimento colossal, localizado no semiárido baiano, é descrito pela empresa como “o maior do Brasil” e o “3º maior do planeta”. Com a previsão de instalar pelo menos 405 aerogeradores e um investimento de R$ 10 bilhões, o Complexo Manacá promete mudar a dinâmica da energia eólica no país. Mas será que todo esse potencial vem sem desafios? Vamos descobrir.
O que é o Complexo Manacá?
O Complexo Manacá é um megaprojeto de eólicas e energia solar da Quinto Energy, situado nos municípios de Jaguarari e Campo Formoso, na Bahia. A previsão é que o complexo abrigue mais de 400 aerogeradores, com uma capacidade total de 2,3 GW de energia eólica, além da produção de energia solar. A empresa destaca que este megaprojeto representa um quarto da capacidade da Usina de Itaipu, a maior hidrelétrica do Brasil.
Polêmicas envolvendo o novo megaprojeto de eólicas
Embora seja um projeto grandioso, o Complexo Manacá está envolto em polêmicas devido ao licenciamento ambiental. Apesar de sua magnitude, o governo da Bahia classificou o projeto como de baixo impacto ambiental, concedendo a licença prévia sem a necessidade de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). Este fato gerou controvérsia, pois a legislação federal exige EIA-Rima para parques eólicos em áreas sensíveis.
Segundo um levantamento da Repórter Brasil, as áreas onde o Complexo Manacá será instalado são prioritárias para a conservação ambiental e abrigam diversas espécies ameaçadas de extinção. Ademais, há nascentes importantes na região que não foram completamente consideradas no relatório técnico para concessão da licença.
Políticos e influência no projeto
O projeto do Complexo Manacá tem apoio de figuras influentes. O ex-ministro do Meio Ambiente Edson Duarte, agora diretor de relações institucionais da Quinto Energy, e seu irmão, Edilson Duarte, estão fortemente envolvidos. A Assembleia Legislativa da Bahia até concedeu uma moção de congratulação ao CEO da Quinto Energy, Rafael Cavalcanti, destacando os “relevantes serviços prestados ao meio ambiente e ao setor de energias renováveis”.
Outro nome importante é José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, que atua como consultor da Quinto Energy, especialmente na área de hidrogênio. A empresa está de olho na produção de hidrogênio verde em larga escala, utilizando a energia gerada pelo megaprojeto de eólicas e solar no Complexo Manacá.
A controvérsia do licenciamento
A documentação apresentada pela Quinto Energy ao governo da Bahia incluiu apenas um Estudo de Médio Impacto Ambiental (EMI), um processo mais simplificado comparado ao EIA-Rima. Ambientalistas argumentam que um megaprojeto dessa escala deveria passar por um estudo de impacto mais rigoroso. Andrezza Oliveira, do movimento Salve as Serras, encaminhou uma denúncia ao Ministério Público da Bahia, destacando a necessidade de preservação da região e questionando o processo de licenciamento.
A transparência no processo de licenciamento do Complexo Manacá tem sido um ponto crítico. A Repórter Brasil revelou dificuldades para acessar documentos relacionados ao projeto, com relatos de que até mesmo funcionários de órgãos ambientais enfrentam barreiras. O Ministério Público da Bahia também está lutando para obter informações detalhadas, buscando garantir que os órgãos ambientais sejam criteriosos na análise do projeto.
O futuro da energia renovável na Bahia
Apesar das controvérsias, o Complexo Manacá representa um marco para a energia renovável no Brasil. Com o apoio de diversos políticos e especialistas, o projeto pode ser um passo importante na transição energética do país. No entanto, é crucial que o desenvolvimento de megaprojetos de eólicas como este seja feito de maneira responsável, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais.
Para garantir que a energia renovável continue sendo uma alternativa viável e sustentável, é fundamental que os processos de licenciamento ambiental sejam transparentes e rigorosos. A preservação das áreas sensíveis e a consideração dos impactos socioambientais são fundamentais para o sucesso de projetos dessa magnitude.