Divulgado na última quinta-feira, 30, o novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) revelou que a transição energética pode impulsionar a criação de mais de 70 milhões de empregos no mercado até 2050. Com ênfase na importância de atingir as metas climáticas, o relatório destaca que os investimentos no objetivo de limitar o aquecimento global a 1.5°C do Acordo de Paris são essenciais para que o setor de energias renováveis alcance as projeções de novos empregos. Contudo, o estudo alerta para a necessidade de abordar a importância de medidas políticas mais abrangentes para maximizar os benefícios da transição energética.
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) em Dubai, a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) apresentou um estudo impactante que destaca o potencial da transição energética na criação de empregos e na transformação do setor de energia. Segundo a pesquisa da Irena, a transição energética no setor das energias renováveis poderá impulsionar a criação de mais de 70 milhões de empregos até 2050.
Essa projeção eleva o número atual de 67 milhões para 140 milhões, marcando um avanço significativo no mercado de trabalho global. O estudo ressalta que atingir as metas climáticas, particularmente limitando o aquecimento global a 1.5°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, será essencial para esse cenário positivo. Caso esse objetivo seja alcançado, o setor de energias renováveis verá um aumento expressivo, saltando dos 13,7 milhões para 39 milhões de empregos em 2050.
Contudo, a transição energética não será isenta de desafios no mercado global. O estudo da Irena prevê uma redução pela metade nas vagas de emprego relacionadas a combustíveis fósseis, passando de 38 milhões para 19 milhões até 2050. A Irena enfatiza a necessidade urgente de treinamento e requalificação dessa força de trabalho para que ela possa se realocar em setores de baixa emissão.
Um aspecto essencial abordado pela Irena no relatório sobre a transição energética é a distribuição desigual dos empregos renováveis entre regiões. A Ásia, segundo as projeções, concentrará cerca de 55% dos empregos nesse setor até 2050, seguida pela Europa com 14%, e as Américas com 13%. Além disso, apenas 9% dessas oportunidades estarão na África Subsaariana. O relatório da Irena ressalta a necessidade de uma abordagem mais igualitária em relação à transição energética.
Até agora, as políticas relacionadas têm se concentrado principalmente nos aspectos tecnológicos, institucionais e regulatórios, com pouca atenção às implicações socioeconômicas. Os especialistas da instituição alertam que questões distributivas, incluindo renda, gastos sociais e impactos das mudanças climáticas, merecem uma atenção mais cuidadosa. Para maximizar os benefícios da descarbonização do setor de energia, com foco nas energias renováveis, é essencial fortalecer a aceitação e o apoio a essas transformações, considerando seus impactos sociais e econômicos.
Francesco La Camera, diretor-geral da Irena, destacou a promessa da transição energética em impulsionar a economia global, mas ressaltou a necessidade de lidar com a desigualdade persistente. Além disso, segundo a organização, enquanto o investimento e o comércio serão fundamentais para impulsionar o crescimento em economias avançadas, os países em desenvolvimento dependerão de suporte financeiro e políticas sociais para enfrentar os desafios da transição energética.
Assim, em meio às discussões preparatórias para a COP28, o estudo da Irena destaca não apenas a importância da transição energética para o meio ambiente, mas também uma nova perspectiva sobre as oportunidades de empregos no mercado das energias renováveis.
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) é uma organização intergovernamental dedicada à promoção do uso sustentável e a ampliação da adoção de energias renováveis em nível global. Ela foi estabelecida em 2009 e sua sede está localizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A IRENA atua como um fórum internacional para a cooperação entre países no desenvolvimento e implementação de políticas, tecnologias e projetos relacionados às energias renováveis.
A missão da IRENA é facilitar a transição global para um sistema energético mais sustentável, impulsionado pelo aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética. Isso inclui energia solar, eólica, biomassa, geotérmica e outras formas de energia limpa e sustentável.
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