Na segunda-feira (15/1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente paraguaio Santiago Peña para discutir questões relacionadas à usina de Itaipu, que é administrada conjuntamente pelos dois países. Após o encontro, Lula falou aos jornalistas e destacou a existência de “divergências” em relação à tarifa cobrada pela energia produzida pela usina, indicando a necessidade de mais reuniões para alcançar um consenso.
Brasil e Paraguai buscam por acordo
Lula expressou sua intenção de buscar uma relação harmoniosa para resolver as diferenças sobre a tarifa de energia gerada por Itaipu. Ele afirmou que será necessário um novo encontro com Peña nos “próximos dias” para chegar a um acordo definitivo.
O presidente brasileiro enfatizou que o Brasil deve se dirigir a Assunção, capital do Paraguai, para dar continuidade às negociações. “Eu disse ao Santiago que vamos rediscutir a questão das tarifas na Itaipu. Nós temos divergências, mas estamos dispostos a encontrar uma solução conjuntamente”, afirmou Lula.
Divergências entre Brasil e Paraguai relacionadas às tarifas de energia produzida por Itaipu
As divergências entre Brasil e Paraguai relacionadas às tarifas de energia produzida por Itaipu vêm se arrastando há algum tempo. O Brasil busca a redução ou manutenção dos preços pagos pela energia gerada na usina, enquanto o Paraguai insiste em aumentar essas tarifas. Em dezembro de 2023, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou uma tarifa provisória para 2024 em US$ 17,66 por quilowatt (kW), abaixo do valor cobrado no ano anterior.
No entanto, o diretor-geral brasileiro da hidrelétrica, Enio Verri, revelou que o Paraguai deseja um aumento na tarifa de serviços de cerca de 24%. Os paraguaios buscam uma tarifa próxima dos US$ 20,75 por kW, valor cobrado em 2022. Essa discordância levou o Paraguai a bloquear o orçamento da usina, dificultando no pagamento de funcionários e fornecedores.
Revisão do anexo C do Tratado de Itaipu
As negociações sobre as tarifas da usina de Itaipu começaram em 2023, após o Brasil concluir o pagamento do empréstimo utilizado para financiar a construção da usina. Isso coincidiu com a revisão do anexo C do Tratado de Itaipu, que estava prevista no acordo firmado entre os dois países em 1973. O tratado estabelece que, após 50 anos da construção da hidrelétrica, os termos financeiros da parceria podem ser reavaliados.
Lula expressou seu interesse em concluir a revisão do anexo C o mais rapidamente possível, a fim de estabelecer novas relações entre Brasil e Paraguai na gestão da importante empresa Itaipu. A busca por um consenso sobre as tarifas de energia é fundamental para garantir o funcionamento eficaz da usina e promover uma cooperação bilateral sólida.
O encontro entre os presidentes do Brasil e do Paraguai sobre a usina de Itaipu evidencia a importância de encontrar soluções para as divergências tarifárias que afetam a parceria energética entre os dois países. O resultado dessas negociações terá um impacto significativo não apenas na operação da usina, mas também nas relações bilaterais entre Brasil e Paraguai. A busca por um acordo equitativo é crucial para o futuro da usina de Itaipu e para a estabilidade da região.
Usina Hidrelétrica de Itaipu
A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma instalação hidrelétrica binacional situada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Sua construção foi realizada conjuntamente pelos dois países entre 1975 e 1982. O nome “Itaipu” foi inspirado em uma ilha próxima ao local de construção, e na língua tupi-guarani, a palavra significa “pedra na qual a água faz barulho,” derivando dos termos “ita” (pedra), “i” (água) e “pu” (barulho). Quando concluída, Itaipu deteve o título de maior barragem do mundo por 21 anos, até ser superada pela Hidrelétrica das Três Gargantas na China em 2003.
A usina é administrada pela empresa Itaipu Binacional e é líder global na geração de energia limpa e renovável. Desde o início de sua operação, produziu mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) de eletricidade. Em comparação, a Hidrelétrica das Três Gargantas produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, embora tenha uma capacidade instalada 60% maior que a de Itaipu, com 22,5 mil MW contra 14 mil MW.
Itaipu também detém o recorde de produção anual de energia, superando seu próprio recorde anterior de 98,6 milhões de MWh. Em 2016, a usina alcançou um marco histórico, produzindo mais de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável em um único ano calendário, totalizando 103.098.366 MWh de energia nesse período.