A China solidificou sua posição como líder mundial na produção de energia solar, uma façanha evidenciada por seu impressionante desempenho no setor ao longo de 2023. No referido ano, o país não apenas instalou mais painéis solares do que os Estados Unidos ao longo de toda a sua história, mas também reduziu drasticamente o preço de atacado desses painéis, ao mesmo tempo em que aumentou significativamente suas exportações tanto de painéis solares montados quanto de componentes.
China investe na construção de usinas solares, projetos eólicos e hidrelétricos
Sob a liderança do primeiro-ministro Li Qiang, a China anunciou planos de acelerar a construção de fazendas de energia solar, bem como projetos eólicos e hidrelétricos, como parte de uma estratégia mais ampla para revitalizar a economia chinesa por meio de investimentos em tecnologias emergentes. Este movimento ressalta o foco da China em setores como painéis solares, carros elétricos e baterias de lítio como novas forças motrizes de sua economia.
A liderança da China no setor solar gerou reações significativas no cenário internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo Biden introduziu subsídios substanciais para cobrir parte dos custos de fabricação e instalação de painéis solares. Na Europa, preocupações com a dependência de produtos solares chineses levaram a discussões sobre possíveis ações regulatórias para proteger e revitalizar a indústria solar local.
Vantagem competitiva da China
A vantagem de custo da China no setor de energia solar é notável. As empresas chinesas conseguem fabricar painéis solares por um preço significativamente mais baixo do que seus concorrentes europeus e americanos, graças a fatores como salários mais baixos, grandes empréstimos a taxas de juros baixas, e a eficiência na construção e equipamento de fábricas. Além disso, o acesso a eletricidade barata e a capacidade de produzir a principal matéria-prima dos painéis solares, o polissilício, com menos custo, coloca a China em uma posição vantajosa no mercado global.
Apesar dos desafios impostos por barreiras comerciais e preocupações com práticas de trabalho forçado, especialmente em Xinjiang, a China continua a adaptar suas estratégias para manter sua liderança no setor solar. Isso inclui a construção de fábricas de montagem final fora da China para contornar tarifas comerciais e aproveitar subsídios oferecidos em outros países, como os Estados Unidos.
Monopólio chinês sobre os painéis solares impacta países europeus
O monopólio chinês sobre os painéis solares está causando um impacto significativo nos países europeus, com uma onda de falências atingindo o setor e deixando a Europa fortemente dependente dos produtos chineses. As últimas empresas remanescentes no setor solar europeu estão agora enfrentando dificuldades. Por exemplo, a Norwegian Crystals, uma grande fabricante europeia de matérias-primas para painéis solares, entrou com pedido de falência no ano passado.
A Meyer Burger, uma empresa suíça, anunciou em 23 de fevereiro que suspenderia a produção em sua fábrica na Alemanha e tentaria angariar fundos para concluir suas fábricas nos Estados Unidos. Esses projetos nos EUA podem se beneficiar dos subsídios para a fabricação de energia renovável previstos na Lei de Redução da Inflação, proposta pelo presidente Biden.
Domínio da China na produção de equipamentos solares
A China é responsável por quase toda a produção mundial de equipamentos para a fabricação de painéis solares, incluindo componentes como wafers e vidros especiais. Ocean Yuan, CEO da Grape Solar, observa que todo o conhecimento técnico necessário está concentrado na China, onde empresas chinesas de energia solar estão expandindo suas operações de montagem nos Estados Unidos.
Anteriormente, o know-how estava nos Estados Unidos, mas a situação mudou. Em 2010, os produtores chineses dependiam de equipamentos importados, enfrentando desafios com longos atrasos para reparos e reposição de peças. A empresa do Vale do Silício, Applied Materials, construiu laboratórios na China para testar linhas de montagem automatizadas, mas as empresas chinesas logo desenvolveram sua própria expertise, reduzindo a necessidade de importações.
Atualmente, qualquer tentativa de fabricação de painéis solares fora da China enfrenta obstáculos, como a dependência de reparos e instalações de equipamentos. Enquanto os Estados Unidos consideram subsídios e restrições à importação para apoiar sua indústria solar, a Europa continuará enfrentando desafios para competir nesse cenário dominado pela China.