O Brasil está diante de uma oportunidade única de se tornar um dos maiores produtores de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) do mundo. O SAF, uma aposta da indústria para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na aviação, é produzido a partir de fontes renováveis, como biomassa, resíduos orgânicos e até mesmo CO₂ reciclado. Neste artigo, exploraremos o que é o SAF, seus benefícios, os desafios enfrentados pelas pesquisas no Brasil.
O que é o SAF?
O SAF, ou Combustível Sustentável de Aviação, é um combustível produzido a partir de fontes renováveis, como biomassa, resíduos orgânicos e até mesmo CO₂ reciclado. A principal característica do SAF é sua capacidade de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa quando comparado aos combustíveis fósseis tradicionais, como o querosene de aviação.
Os benefícios do SAF são notáveis e impactantes. Primeiramente, ele contribui para a redução da dependência da aviação em relação aos combustíveis fósseis, desempenhando um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas. Esse combustível sustentável também pode ser misturado com o querosene convencional, tornando sua implementação em aeronaves existentes uma tarefa viável e sem a necessidade de modificações significativas.
Outro ponto positivo é a melhoria da qualidade do ar nos aeroportos, uma vez que o SAF emite menos poluentes atmosféricos e seu uso pode até mesmo fomentar a criação de empregos na indústria de biocombustíveis, incentivando o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.
O uso atual de combustíveis na aviação
Atualmente, o querosene de aviação é o combustível mais utilizado em aeronaves em todo o mundo. No entanto, apesar de atender à demanda atual, é importante considerar alternativas mais sustentáveis, uma vez que o querosene é um combustível fóssil derivado do petróleo, não renovável e finito. A transição para fontes de energia renovável e limpa desempenha um papel crucial na descarbonização da economia, uma medida essencial para combater as mudanças climáticas.
O potencial brasileiro no desenvolvimento do SAF
O Brasil é visto como uma potência emergente na produção de SAF. Com abundantes matérias-primas disponíveis em diferentes regiões do país, há um enorme potencial a ser explorado. Pesquisadores brasileiros têm se dedicado a estudar e desenvolver essa tecnologia, buscando parcerias e inspiração em empresas líderes do setor, como a Neste, na Finlândia.
A adaptação das aeronaves para o uso do SAF não é o maior desafio para sua implementação, como destaca Pratik Chandhoke, gerente de aviação renovável da Neste. A estrutura das aeronaves já está pronta para acomodar esse novo combustível, sem a necessidade de alterações complexas nos tanques, canos e motores dos aviões.
A aposta no novo combustível sustentável
Grandes empresas brasileiras, como a Raízen, estão apostando no SAF e já estão tomando medidas concretas. A parceria entre a Raízen e uma fabricante de aeronaves, assinada em 2022, visa impulsionar o desenvolvimento de um ecossistema de produção de SAF. A empresa também recebeu recentemente o selo ISCC Corsia Plus, certificando seu etanol de cana-de-açúcar como insumo para a fabricação do SAF.
Estima-se que a demanda global por SAF atinja aproximadamente 20 milhões de m³ até 2030. Se 25% dessa demanda for atendida com a tecnologia Alcohol-to-Jet (AtJ), haverá uma demanda adicional de etanol, representando menos de 10% da produção global atualmente.
No entanto, para que o Brasil alcance seu potencial como um dos principais produtores de SAF do mundo, é crucial que haja investimentos contínuos, regulamentações claras e apoio tanto do setor privado quanto do público. O desenvolvimento desse novo biocombustível é uma peça-chave na busca por uma aviação mais sustentável e na redução das emissões de carbono.
