Em busca de um futuro mais sustentável, a Petrobras apresentou seu novo plano de negócios para o período de 2024 a 2028, com destaque para a ampliação do biorrefino em sua matriz de produtos. A iniciativa visa não apenas oferecer opções mais sustentáveis ao mercado, mas também demanda grandes investimentos em infraestrutura logística para viabilizar o aumento da movimentação desses novos produtos.
Novo plano de negócios da Petrobras prioriza produtos sustentáveis e infraestrutura dedicada para movimentação
O gerente executivo de Logística da Petrobras, Daniel Sales, enfatizou a importância de evitar qualquer tipo de contaminação entre os produtos fósseis e os derivados com conteúdo renovável na infraestrutura logística. Para tanto, a empresa planeja investir cerca de US$ 600 milhões no Programa de BioRefino para o desenvolvimento de uma nova geração de combustíveis.
O primeiro produto lançado pela companhia nesse novo plano é o diesel com conteúdo renovável, obtido por meio do coprocessamento de diesel mineral com óleo vegetal. A Petrobras planeja instalar projetos de coprocessamento nas refinarias Presidente Bernardes (RPBC), Paulínia (Replan) e Duque de Caxias (Reduc). Além disso, uma planta dedicada à produção de BioQAV e diesel com matéria-prima 100% renovável também será instalada na RPBC.
Outras refinarias, como Capuava (Recap), Gabriel Passos (Regap) e Abreu e Lima (Rnest), também estão sob estudo para produzir diesel com teor renovável. A empresa avalia ainda a implantação de novas plantas dedicadas à produção de BioQAV e diesel renovável na Rnest e no Polo Gaslub. A longo prazo, a Petrobras tem interesse em entrar no mercado de hidrogênio, vislumbrando vantagens competitivas para o Brasil no comércio internacional dessa fonte de energia.
Na última segunda-feira (31), Sales participou de um evento online da FGV Energia. Em uma de suas falas, ele revelou que “estamos trabalhando no momento no processo de certificação nosso QAV [querosene de aviação] verde, por exemplo, e vamos precisar de dutos qualificados”.
Investimentos em logística alternativa podem ampliar a infraestrutura e reduzir emissões no país
Contudo, investir em infraestrutura para as novas fontes de energia apresenta-se como um desafio adicional para o Brasil, que ainda precisa expandir sua infraestrutura para suprir a crescente demanda por combustíveis fósseis em todo o país. Victor Bomfim, CEO da Vast Infraestrutura, ressalta que a movimentação de petróleo cru já compete com a movimentação de derivados nos terminais, resultando em estresse logístico.
“O Brasil hoje exporta algo da ordem de 1,6 milhão de barris/dia, quando há dez anos exportava 400 mil barris/dia. Toda essa movimentação estressa o modal logístico”, revelou Bomfim.
Uma alternativa para lidar com essa situação é incentivar a movimentação de combustíveis por modais alternativos ao rodoviário, como o ferroviário e a cabotagem, que apresentam maior eficiência energética e poderiam ampliar a infraestrutura de movimentação de combustíveis no país, além de reduzir emissões. Tais investimentos, contudo, são de grande porte e exigem contratos de longo prazo e demanda garantida para viabilizá-los.
Jones Soares, diretor de Operações de Transporte Marítimo, Dutos e Terminais da Transpetro, ressalta a necessidade de políticas de longo prazo que sobrevivam a diferentes governos para viabilizar esses investimentos. Ele enfatiza que o governo deve atuar dando segurança aos investidores, possibilitando o avanço das iniciativas sem depender exclusivamente do setor público.
Em um cenário de crescente busca por soluções energéticas mais sustentáveis, o investimento em biorrefino e a infraestrutura para suportá-lo representam passos significativos para o futuro da indústria de energia no Brasil. A Petrobras reafirma seu compromisso com a transição energética, alinhando-se às tendências globais e buscando consolidar sua posição como uma empresa referência na produção e comercialização de energéticos limpos e renováveis.