Com o começo do período de Ramadã, na quinta-feira da semana passada, 23 de março, os moradores do Paquistão estão sendo afetados pelo aumento da inflação, devido à aceleração das atividades comerciais no principal mercado de datas do país. Algumas variedades de datas tiveram seus preços aumentados em 50% em relação ao ano anterior.
O mercado centenário, localizado na região histórica de Lyari em Karachi e escondido atrás de prédios altos, ganha vida durante o mês sagrado do jejum, quando as pessoas consomem as datas antes do início do jejum pela manhã e para quebrá-lo ao pôr do sol. No entanto, este ano os preços das datas estão consideravelmente mais altos devido à taxa de inflação no Paquistão, que atingiu a maior alta em 50 anos, representando 31,5% no mês passado.
“Está tudo muito caro e os preços das datas também subiram”, afirmou o empresário Muhammad Ishaq ao Arab News enquanto fazia compras no mercado. “O que eu comprava por Rs 350 (US$ 1,24) no ano passado agora está sendo vendido por Rs 500 (US$ 1,77) por quilo.”
De acordo com os vendedores, as vendas de tâmaras diminuíram em comparação com o ano passado, devido ao aumento dos preços. Eles também culpam as restrições à importação e a destruição das colheitas locais causadas pelas inundações que atingiram o Paquistão de junho a outubro de 2022, que prejudicaram a produtividade agrária do país.
“Devido às altas taxas, a tendência de compra diminuiu”, afirmou Muhammad Sabir, presidente da Associação do Mercado de Khajoor, ao Arab News. “Agora, as tâmaras de qualidade superior, vendidas por maund (40 kg), estão sendo comercializadas por Rs 20.000-Rs 22.000 (cerca de US$ 70 a US$ 77).”
Em maio passado, o governo paquistanês impôs restrições à importação de certos produtos, incluindo frutas secas e frescas, devido à luta para esgotar as reservas estrangeiras. Embora as medidas tenham sido levantadas alguns meses depois, os vendedores afirmam que contribuíram para o aumento dos preços das tâmaras, já que as importações de alguns dos principais mercados de origem não chegaram a tempo.
“O governo não tinha dólares, então as importações do Iraque não chegaram a tempo”, disse Hanif Baloch, que importa e vende tâmaras, ao Arab News.
As inundações no Paquistão devastaram mais de 80% das plantações de tâmaras no país. As variedades Aseel e Mazafati não estão chegando ao mercado. A maior parte das tâmaras são cultivadas em Baluchistão e Sindh, que foram as mais afetadas pelo dilúvio do ano passado. A falta de instalações de armazenamento e secagem pós-colheita também aumentou a perda da safra. A produção anual estimada de tâmaras no Paquistão é de cerca de 500.000 toneladas métricas.
A inflação em março atinge diversos países
- Não é só Argentina e Brasil! Inflação da Polônia atinge 18,4%
- 10 anos de Maduro! PIB da Venezuela caiu 83.33% desde 2013 e inflação é galopante
- Três dígitos? Inflação na Argentina passa de 100%, maior valor desde 1990
No Paquistão: Como as enchentes impactam diretamente na inflação?
As inundações são um desastre natural que representam impactos significativos na economia de um país. Uma das principais consequências é a perda de colheitas e a destruição de plantações, levando a uma escassez de alimentos e, consequentemente, a um aumento de preços. Quando a oferta de alimentos é reduzida, os consumidores enfrentam uma escolha difícil: pagar preços mais altos ou passar fome.
A inflação também pode ser afetada. Com menos alimentos disponíveis, os preços sobem, levando a um aumento geral nos preços de outros bens e serviços. Muitos produtos dependem de alimentos para serem produzidos, como rações para animais, usados na produção de carne e laticínios. Se o preço dos alimentos sobe, o custo desses produtos também aumenta, impactando os preços ao consumidor.
Além disso, as inundações afetam a infraestrutura, como pontes e estradas, dificultando o transporte de alimentos e outros produtos. Consequentemente, levam a um aumento nos custos de transporte, que também são repassados aos consumidores.
Um exemplo concreto disso é o caso do Paquistão, que sofreu inundações que devastaram mais de 80% das plantações de tâmaras no país. A falta de instalações de armazenamento e secagem pós-colheita agravou a situação e aumentou a perda da safra, levando a um aumento significativo nos preços das tâmaras.
