Com o fim do atual contrato de suprimento com a Petrobras, a Bolívia, através da estatal YPFB, pretende elevar a oferta de gás natural para o Brasil. Para isso a empresa YPFB assinou inúmeros acordos para fornecimento interruptível com empresas privadas brasileiras como a CDGN e Tradener, com volumes limitados.
Ainda em 2022, a YPFB renegociou os termos do contrato com a Petrobras, após a negociação a estatal brasileira reduziu as penalidades dadas à Bolívia por diminuir o envio de gás, e aumentou o fornecimento de gás natural de 15 milhões de metros cúbicos por dia, para 20 milhões de metros cúbicos.
Assinatura de novos contratos já refletem a expectativa do governo boliviano
A expectativa do governo boliviano de que o seu gás natural sofra uma valorização após a assinatura dos novos contratos estão se tornando realidade, houve um aumento significativo do percentual de Brent no preço do gás boliviano, que ficou entre 12% e 19%, uma diferença histórica, visto que, anteriormente, os números iam apenas de 6% a 9%.
A Bolívia havia acumulado, até novembro de 2022, US$ 3,01 bilhões com exportações para Brasil e Argentina, com isso, a alta da receita boliviana foi de 49% em comparação com o mesmo período de 2021. O que demonstra o cumprimento da expectativa boliviana.
O presidente da YPFB, Armin Dorgathen, afirmou que a empresa seguirá sendo um provedor confiável para, a partir de 2025, ter também melhores preços de venda para distribuidores privados ou com a própria Petrobras.
Encerramento de contratos com a Argentina
A Bolívia deve encerrar suas obrigações contratuais com a Argentina antes de 2025. O país está construindo o gasoduto Néstor Kirchner, que também será financiado pelo Brasil, por meio do BNDES. O financiamento será para a construção do segundo trecho da obra e o valor será de US$ 689 milhões.
O gasoduto ligará Vaca Muerta a Buenos Aires, e a expectativa é que a construção deste possa reduzir a dependência das importações bolivianas, além de economizar cerca de US$ 2,2 bilhões em importações e subsídios.
Relembre a renegociação do contrato da YPFB com a Petrobras
Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), é uma empresa estatal boliviana criada em 21 de dezembro de 1996, dedicada à exploração, destilação e venda do petróleo e seus derivados. Em maio de 2022, a YPFB diminuiu em cerca de 30%, ou 4 milhões de metros cúbicos, o fornecimento diário de gás para a Petrobras, no período, a empresa optou por vender seu gás para a Argentina
O corte de fornecimento foi realizado pela YPFB como forma de pressionar a manutenção dos preços pagos pelos produtos utilizados no Brasil. Na época da redução, o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, relatou que o corte diminuiria mensalmente cerca de R$ 50 milhões em arrecadação de ICMS, e que era uma preocupação manter esse recebimento.
Fornecimento restabelecido
Em agosto de 2022, a Petrobras renegociou as condições de contrato com a Bolívia e reduziu as penalidades dadas após o corte de fornecimento. Com a nova negociação, o volume máximo contratado por dia ficou em 20 milhões de metros cúbicos.
Na época, a Petrobras informou que “celebrou novo aditivo ao contrato de compra de gás natural com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB)”.