Em busca de soluções sustentáveis para reduzir suas emissões de carbono, a Vale está analisando o uso de etanol e a antecipação do aumento da mistura de biodiesel ao diesel para 25% nos caminhões utilizados nas operações de mineração. A medida é parte de um esforço mais amplo da mineradora para descarbonizar suas atividades e contribuir para um futuro mais sustentável.
Atualmente, o diesel comercializado no Brasil possui uma mistura obrigatória de 14% de biodiesel. No entanto, a Vale está avaliando aumentar essa mistura para 25%, conforme discutido no projeto de lei do Combustível do Futuro, que está sendo analisado no Senado.
A decisão final da mineradora será baseada em estudos técnicos sobre o comportamento dos motores com o aumento da mistura, que devem ser concluídos nos próximos nove meses, de acordo com Ludmilla Nascimento, diretora de energia e descarbonização da Vale.
Além do aumento do biodiesel, a Vale também está explorando o uso de etanol em caminhões de grande porte. Este estudo está sendo realizado em parceria com a Caterpillar, e envolverá a adaptação dos motores para que possam operar eficientemente com etanol.
A Vale planeja investir entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões até 2030 para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). As tecnologias a serem adotadas serão decididas com base na curva marginal de abatimento, que avalia o investimento e o custo operacional de cada solução em comparação com o custo do carbono.
Segundo Nascimento, as soluções avaliadas pela Vale variam entre US$ 50 e US$ 100 por tonelada de CO2, compatíveis com os custos do mercado europeu.
A disponibilidade de biocombustíveis é um dos fatores críticos na avaliação das opções de descarbonização. As soluções variam de acordo com a potência dos caminhões e o tamanho das minas atendidas por cada frota. Em algumas situações, os caminhões elétricos serão mais adequados, enquanto em outras, a combinação de etanol e biodiesel será mais eficiente.
“Estamos analisando local a local, verificando o que naquela região vai ser melhor implementado”, afirmou Nascimento durante o evento “Transição Energética no Brasil na Perspectiva do G20”, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro e o Columbia Center on Global Energy Policy.
Parte da frota da Vale já foi eletrificada, especialmente os caminhões menores. No entanto, o uso de energia elétrica em maior escala depende da ampliação da infraestrutura de carregamento. “Não tem bala de prata, então vai ter que ser uma composição”, acrescentou Nascimento.
Além dos caminhões, a Vale também está considerando o uso de biodiesel e etanol para a descarbonização do transporte ferroviário. A companhia está avaliando a possibilidade de usar locomotivas elétricas, que geram energia ao frear. Para o transporte marítimo, os esforços iniciais estão focados na eficiência energética.
Em 2023, a Vale começou a utilizar navios com velas rotativas, que aproveitam a energia eólica para reduzir o consumo de combustível. A substituição do combustível marítimo (bunker) por alternativas com menor pegada de carbono, como metanol e amônia, está projetada para a década de 2040.
Em setembro, a Vale assinou um protocolo de emissões com a Petrobras para desenvolver soluções de baixo carbono. A parceria tem em vista avaliar oportunidades conjuntas, incluindo o uso de hidrogênio, metanol verde, biobunker, amônia verde e diesel renovável, além de tecnologias de captura e armazenamento de CO2.
As empresas estão realizando reuniões mensais para discutir a evolução dos estudos. As iniciativas da Vale para reduzir as emissões de carbono são parte de um compromisso maior com a sustentabilidade e a inovação. Ao explorar uma variedade de soluções, desde o uso de biocombustíveis até a eletrificação de sua frota, a mineradora está demonstrando um forte compromisso em liderar a transição energética no setor de mineração.
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