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Utilizando litros de garrafa pet para gerar energia solar, ONG brasileira se destaca no mercado de energia renovável

Litro de Luz: usando a energia renovável para iluminar áreas periféricas no Brasil, apenas com garrafas pet e painéis de energia solar.

by Marcelo Santos
Utilizando litros de garrafa pet para gerar energia solar, ONG brasileira se destaca no mercado de energia renovável

O acesso à energia limpa e sustentável é uma das metas da Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável, mas infelizmente o Brasil ainda não conseguiu alcançá-la. No entanto, existem organizações da sociedade civil que estão trabalhando para mudar esse cenário, democratizando e ampliando o uso da energia renovável. Uma delas é a Litro de Luz, uma ONG nascida nas Filipinas que tem usado energia solar para iluminar áreas periféricas do Brasil.

Por meio de uma invenção brasileira e materiais recicláveis, a Litro de Luz produz lampiões e postes de iluminação carregados pela luz do sol, oferecendo soluções acessíveis que custam em média R$ 2.000 e R$ 4.000. Com isso, a organização está contribuindo para levar luz a quem mais precisa, além de promover a sustentabilidade e a conscientização ambiental.

Tecnologias de energia solar são utilizadas para iluminação do projeto Litro de Luz

O projeto da Litro de Luz engloba três tipos de tecnologias de iluminação capazes de gerar energia renovável: um dispositivo portátil para iluminar ambientes internos, um poste para iluminação fixa nas ruas e luminárias para áreas de convivência que são utilizadas durante a noite.

De acordo com Tayane Belem, gerente de Marketing e Parcerias da organização, garantir a iluminação das comunidades é uma ação de extrema importância. Através da iluminação, os moradores conseguem ter acesso a diversas atividades, como estudar à noite, chegar em casa com segurança e até mesmo produzir artesanatos para complementar sua renda.

Poste de luz

O poste de luz, utiliza a energia renovável, mais especificamente energia solar para produzir luz durante a noite, esse dispositivo é composto por um painel solar que capta a energia do sol durante o dia, uma bateria para armazenar essa energia, um controlador de carga que garante que a bateria não seja sobrecarregada, e uma garrafa pet que é utilizada como lâmpada. A estrutura do poste é feita com canos de PVC, tornando-o leve e fácil de transportar e montar.

O sensor de LED presente no poste é responsável por acionar a lâmpada quando o ambiente fica escuro, e a bateria armazenada é capaz de fornecer luz por até 8 horas seguidas, em média, após um dia de carregamento.

Essa solução é especialmente útil em locais onde não há acesso à eletricidade ou onde a energia elétrica é intermitente, como em áreas rurais ou em regiões mais afastadas dos centros urbanos. Além disso, o uso da energia solar pode contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa, pois não utiliza combustíveis fósseis e não emite poluentes.

Lampião

O lampião solar é uma solução portátil que compartilha tecnologia e muitos componentes dos outros produtos solares da Litro de Luz. No entanto, ele se distingue por apresentar um botão que permite ao usuário acendê-lo apenas quando necessário, o que o torna adequado para uso interno como uma lâmpada solar. Quando recebe uma carga de luz solar de 4 horas, o lampião tem autonomia de 12 horas.

Por ser uma solução portátil, o lampião solar pode ser facilmente transportado para diferentes lugares, o botão que permite ligar e desligar é outra funcionalidade conveniente, que permite o controle da iluminação conforme as necessidades do usuário. O lampião solar não precisa de muita manutenção, uma vez que não tem partes móveis, nem precisa de fios elétricos, o que faz dele uma opção fácil e econômica para iluminação em áreas remotas.

A tecnologia usada possui origem brasileira

Alfredo Moser, um mecânico brasileiro, inventou a Lâmpada de Moser, que serviu de inspiração para a tecnologia usada pela ONG Litro de Luz. Em 2002, Moser misturou água e alvejante em uma garrafa PET, e quando exposta ao sol, essa mistura produzia uma luz brilhante equivalente à de uma lâmpada incandescente de 60 watts.

Em 2012, a invenção foi utilizada para ajudar vítimas de um tsunami nas Filipinas por Illac Diaz, um filipino que mais tarde fundou a ONG Litro de Luz como parte da fundação MyShelter Foundation. Hoje, a organização está presente em vários países, incluindo EUA, Colômbia e Itália.

O alto custo da tecnologia de energia solar

A Litro de Luz está empenhada em fornecer soluções personalizadas para comunidades periféricas que não têm acesso à eletricidade.

Segundo Tayane Belem, gerente de marketing e relacionamento da ONG, essas soluções são financiadas por empresas que buscam estratégias de voluntariado corporativo e sustentabilidade empresarial (ESG). No entanto, o projeto enfrenta um alto custo, pois não é suficiente simplesmente instalar um poste de luz ou fornecer um único lampião. Para iluminar efetivamente uma área, é necessário mapear a região e produzir e instalar dezenas de equipamentos.

Para instalar 30 postes de energia solar, o custo é de R$ 120 mil, ou seja, R$ 4 mil por poste. As doações podem ser feitas não apenas por empresas, mas também por indivíduos. Além disso, a organização oferece lampiões solares a um preço mais acessível de cerca de R$ 2 mil cada, doados à população de baixa renda e não disponíveis para venda ao público.

Trajetória da Litro de Luz no Brasil

A trajetória do Litro de Luz Brasil é intrinsecamente ligada à história de seus voluntários, que contribuíram para a construção da organização desde o seu início. Desde o primeiro contato com o fundador da “Liter of Light”, até as primeiras ações e a fundação das seis células que hoje coordenam as atividades em todo o país, cada passo foi dado por pequenos grupos de pessoas movidas pela vontade de promover mudanças. Esses indivíduos dedicaram seu tempo, esforço e conhecimento de forma voluntária, demonstrando seu compromisso com a causa.

Após oito anos desde a criação do Litro de Luz Brasil, agora existe uma equipe de nove pessoas contratadas para gerir algumas áreas da organização. No entanto, a atuação do projeto só é possível graças ao trabalho contínuo de mais de 180 voluntários que dedicam seu tempo e esforços para iluminar o país.

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