Home ENERGIA Transportadoras de peso se reúnem para explorar energia nuclear em navios de carga

Transportadoras de peso se reúnem para explorar energia nuclear em navios de carga

Três gigantes do transporte marítimo firmam acordo para desenvolver navios de carga com energia nuclear, visando reduzir emissões e aumentar eficiência.

by Andriely Medeiros
Os EUA aprovaram o primeiro navio de abastecimento de amônia, marcando um avanço para a descarbonização do setor marítimo.

Em um esforço inovador para transformar a indústria naval, três das maiores transportadoras do mundo anunciaram um acordo para desenvolver navios de carga com energia nuclear. A parceria envolve o Lloyd’s Register, a Core Power e a AP Moller — Maersk, que se uniram para conduzir um estudo de avaliação regulatória sobre o uso de energia nuclear em navios porta-contêineres. O objetivo é melhorar a eficiência e reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte marítimo, que atualmente é responsável por cerca de 3% das emissões globais de carbono.

Estudo para viabilizar energia nuclear em navios

O estudo conjunto explorará as considerações de segurança e regulamentação necessárias para a introdução de navios de carga com energia nuclear. Além disso, a iniciativa fornecerá insights para as empresas marítimas que estão avaliando a viabilidade da energia nuclear como uma solução para alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050, estipulada pela Organização Marítima Internacional (IMO).

Com a demanda crescente por soluções sustentáveis, a energia nuclear surge como uma alternativa promissora para reduzir a dependência de combustíveis fósseis no transporte marítimo. A indústria consome aproximadamente 350 milhões de toneladas de combustível por ano, contribuindo significativamente para o impacto ambiental do setor. O projeto visa não apenas reduzir as emissões, mas também criar uma cadeia de suprimentos mais eficiente e sustentável.

Inovação no projeto de transporte

O consórcio reúne a vasta experiência de três grandes players da indústria. O Lloyd’s Register, uma sociedade de classificação marítima, traz seu conhecimento técnico e regulatório para o desenvolvimento do projeto. A Core Power, especializada em tecnologia avançada de energia nuclear para uso marítimo, contribui com sua expertise em inovação energética. A Maersk, uma das maiores transportadoras globais, adiciona sua longa experiência em logística e transporte de contêineres.

Segundo Nick Brown, CEO do Lloyd’s Register, o estudo marca o início de uma jornada para desbloquear o potencial da energia nuclear na indústria marítima. Ele acredita que essa tecnologia pode ser uma peça-chave na descarbonização do setor, permitindo operações sem emissões e maior eficiência nas cadeias de suprimentos globais.

Desafios e oportunidades da energia nuclear

Embora o uso de energia nuclear no transporte marítimo seja promissor, ainda existem desafios significativos a serem superados. Questões de segurança, gerenciamento de resíduos nucleares e aceitação regulatória em diferentes regiões precisam ser abordadas para que a tecnologia se torne viável. No entanto, o potencial para eliminar as emissões de carbono e aumentar a eficiência operacional faz com que o esforço valha a pena.

A Core Power destaca que, para que a energia nuclear seja amplamente adotada, é fundamental estabelecer padrões de segurabilidade para usinas nucleares flutuantes e navios movidos a essa fonte de energia. Mikal Bøe, CEO da Core Power, enfatiza que o desenvolvimento de uma estrutura regulatória clara é crucial para o sucesso do projeto e para garantir a viabilidade comercial da propulsão nuclear.

Maersk e a transição para energia limpa já em andamento 

A Maersk, que já está comprometida com a transição para energias limpas desde 2018, vê o projeto como uma possível solução para alcançar suas metas de descarbonização. Ole Graa Jakobsen, chefe de tecnologia de frota da Maersk, reconhece que a energia nuclear apresenta desafios, mas acredita que, com o avanço dos novos projetos de reatores de quarta geração, a tecnologia pode se tornar uma opção viável nos próximos 10 a 15 anos.

A empresa tem explorado diversas alternativas para reduzir suas emissões e está atenta a todas as soluções de baixa emissão. Em dezembro de 2023, o CEO da Maersk, Vincent Clerc, foi um dos líderes empresariais a assinar uma declaração conjunta na COP28, em Dubai, pedindo o fim da construção de novos navios movidos exclusivamente a combustíveis fósseis. Clerc reforçou o compromisso da Maersk com a transição verde no setor de transporte e logística, destacando a importância de regulamentações que incentivem o investimento em soluções sustentáveis.

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