A Transpetro planeja retornar ao mercado já em janeiro do próximo ano para as primeiras contratações dos navios de um novo programa de revitalização da frota. As informações foram divulgadas por Sérgio Bacci, presidente da companhia, em uma entrevista exclusiva à epbr.
Retorno da Transpetro trará propostas já no próximo ano
Segundo Bacci, a ideia é ter as primeiras entregas de navios em 2026, com a entrega de pelo menos duas ou três embarcações. A expectativa é que as propostas sejam recebidas até meados do próximo ano e os contratos, assinados ainda em 2024.
O presidente da Transpetro afirma que são cronogramas apertados, não tão fáceis de cumprir, entretanto, a equipe toda está focada em acelerar o máximo que puder, tomando todos os devidos cuidados, para botar o programa de retorno da Transpetro de pé rapidamente. Até então, um grupo de trabalho dentro da empresa está mapeando as embarcações necessárias e os estaleiros e fornecedores aptos a suprir as demandas, assim como os custos e prazos.
O presidente da companhia também confirmou que houve avanços para a liberação da contratação de estaleiros brasileiros que ainda estavam impedidos de contratar com a Petrobras e, atualmente, os principais grupos já estão regulares perante os órgãos reguladores. A iniciativa foi anunciada na posse. Na época, Bacci afirmou que o Brasil tem pressa e é necessário gerar empregos, quando assumiu a subsidiária da Petrobras.
Retorno da Transpetro deve incluir navios gaseiros e de transporte de produtos claros e escuros
Os trabalhos auxiliarão no desenvolvimento do edital, uma etapa que está prevista para ter início em dezembro deste ano. Os estudos preveem que a nova frota atenderá às especificações da Organização Marítima Internacional (IMO) de redução de emissões.
O presidente da empresa explica que as encomendas devem incluir principalmente navios gaseiros e navios para transporte de produtos claros e escuros, entretanto a quantidade exata de embarcações não foi confirmada. Bacci destaca que a empresa está analisando quanto custará um navio e como ele será feito do ponto de vista econômico. É necessário pôr de pé projetos que sejam economicamente viáveis, embora a empresa saiba que os custos do país são um pouco mais elevados até se conseguir ter um curva de aprendizagem de longo prazo.
O executivo afirmou ainda que o primeiro navio contratado poderá usar recursos próprios da Petrobras. Já há conversas com bancos públicos e privados, incluindo o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, para o financiamento dos demais projetos. A parceria anunciada entre o BNDES e a Petrobras em junho, inclusive, tem como foco acelerar as discussões para eventuais financiamentos, taxas e garantias.
Caso haja algum banco brasileiro ou até mesmo estrangeiro que dê condição de financiamento boa para o retorno da Transpetro, para levantar os recursos com taxas de juros menores, a empresa analisa todas as possibilidades. É evidente que, em casos de propostas semelhantes, a empresa dará prioridade aos bancos públicos brasileiros, mas isso ainda está sendo discutido.
Construção de navios impactará no valor do afretamento
Bacci ressalta que não haverá privatização e o retorno da Transpetro no setor de construção naval é uma bandeira do governo atual e que já esteve reunido com Jeal Paul-Prates, presidente da Petrobras, para discutir sobre o programa.
O executivo da Transpetro ainda afirma que o programa de construção de navios pode contar com o Fundo da Marinha Mercante. Quando a Transpetro voltar com a construção de navios no Brasil para suprir as demandas da Petrobras, a mesma impactará diretamente no valor do afretamento.