A Petrobras e a Equinor estão unindo forças na exploração do potencial da tecnologia BECCS (Sistemas de Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono) no Brasil. A iniciativa visa a captura e armazenamento de carbono proveniente da produção de biocombustíveis, como etanol de cana-de-açúcar e milho. Além disso, a parceria entre as duas empresas visa reduzir as emissões de carbono, aproveitando o alto potencial do Brasil nesse setor e a geração de créditos de carbono, o que pode abrir portas para soluções sustentáveis em uma economia mais limpa.
Petrobras e Equinor investem em tecnologia BECCS para captura de carbono com biocombustíveis
A Petrobras e a Equinor estão de olho nas oportunidades proporcionadas pela tecnologia BECCS para a redução das emissões de carbono no mercado de biocombustíveis. Essa tecnologia está conquistando a atenção de importantes atores da indústria energética, como a Petrobras e a Equinor. Ambas as empresas acreditam que o Brasil possui um grande potencial para se destacar no mercado de carbono, graças à implementação dessa tecnologia.
O ponto central do BECCS envolve a captação permanente de dióxido de carbono (CO2) proveniente de fontes biogênicas, como a produção de biocombustíveis a partir de matérias-primas como a cana-de-açúcar e o milho. Esses processos de produção geram fluxos de CO2 de alta pureza, que podem ser capturados e armazenados de maneira permanente. Claudia Brun, vice-presidente da Equinor no Brasil, destacou o potencial único do BECCS no país durante um evento realizado pela Innovation Norway e pela Norwep (Norwegian Energy Partners).
Ela enfatizou que o Brasil está em uma posição privilegiada na esfera dos biocombustíveis, com a oportunidade de utilizar o BECCS para alcançar emissões negativas. Uma das grandes vantagens do BECCS, destacadas pela Petrobras, é a capacidade de gerar créditos de carbono, compensando outras atividades emissoras. Viviana Coelho, Gerente Executiva de Mudança Climática e Descarbonização da Petrobras, enfatizou que o BECCS é uma prioridade devido aos custos econômicos mais baixos e à capacidade de aproveitar a infraestrutura já existente.
Isso se deve ao fato de que o processo de fermentação na produção de etanol permite a recuperação de CO2 com elevada pureza para armazenamento, uma característica destacada pelas associações do setor no Brasil, que estimam que a cada tonelada de milho é possível capturar 320 kg de CO2, ilustrando o potencial da tecnologia para gerar créditos de carbono.
Companhias ainda enfrentam desafios na implementação do BECCS
Apesar dos benefícios do BECCS, há desafios a serem superados pela Petrobras e Equinor. Um deles é a questão dos reservatórios de estocagem do carbono. Viviana Coelho ressaltou que se tratam de operações em pequena escala, principalmente em terra, e em áreas que não são tradicionalmente produtoras de petróleo, o que requer soluções criativas.
Uma alternativa para superar esses desafios é o compartilhamento de infraestrutura no ramo dos biocombustíveis, que permitiria a redução dos custos. Quanto mais se pensar em infraestruturas partilhadas, mais sucesso a tecnologia BECCS de pequena escala poderá alcançar, contribuindo para a captura e armazenamento de carbono.
Claudia Brun, da Equinor, mencionou a importância de investimentos em conhecimento geológico para identificar estruturas adequadas para o armazenamento de CO2 onshore. Segundo ela, essa pesquisa é essencial para desbloquear todo o potencial do BECCS no Brasil. Hoje, diversos projetos estão em fase de execução, além das ações lideradas pela Petrobras, evidenciando a eficácia da tecnologia BECCS. No Brasil, a empresa de produção de etanol de milho, FS Agrisolutions, está realizando um investimento de R$ 350 milhões em um sistema de captação, compressão e transporte do CO2 gerado durante suas operações.
Projetos similares nos Estados Unidos e no Reino Unido também estão alcançando resultados positivos na captura e armazenamento de carbono. Assim, a parceria entre a Petrobras e a Equinor na implementação da tecnologia BECCS representa um avanço significativo na busca por soluções para a redução das emissões de carbono na indústria de biocombustíveis.