A Suzano Celulose anunciou recentemente uma série de aumentos nos preços da celulose em todas as regiões em que atua. Esses reajustes, que variam de US$ 30 a US$ 50 por tonelada, estão programados para entrar em vigor a partir de outubro, e refletem a atual dinâmica do mercado global de celulose.
Suzano aumenta preço da celulose
Os preços da celulose de fibra curta começaram a se recuperar na China no final do primeiro semestre e mais recentemente ganharam força na Europa. Como resultado, os produtores liderados pela Suzano Celulose estão buscando aumentos de preços em todas as regiões em que atuam.
Na China, um dos principais mercados para a Suzano Celulose, o reajuste informado para o próximo mês é de US$ 30 por tonelada. Considerando os valores praticados pelos produtores de fibra curta em setembro, isso elevaria o preço líquido para US$ 580 por tonelada em outubro.
Europa como referência de preço
Para a Europa, um mercado de grande relevância na indústria de celulose, o aumento anunciado é de US$ 50 por tonelada, elevando o preço lista para US$ 900 por tonelada. O preço europeu continua sendo uma referência crucial para o mercado global.
Na América do Norte, os produtores de fibra curta também verão um aumento de US$ 50 por tonelada. Se comparado ao preço de referência que os produtores buscavam em setembro, de US$ 1.040 por tonelada, o novo valor seria de US$ 1.090 por tonelada. Este é o segundo reajuste consecutivo para os mercados europeu e americano.
Suzano Celulose e a demanda na China
Os produtores de fibra curta já haviam anunciado aumentos de US$ 20 por tonelada para a China e de US$ 50 por tonelada para Europa e Américas válidos para setembro. Esses reajustes são alavancados pela demanda aquecida em algumas regiões, estoques baixos e interrupções não programadas nas fábricas, como a suspensão das operações na fábrica de Licantén, no Chile, devido ao transbordamento de um rio.
No final de agosto, o presidente da Suzano Celulose, Walter Schalka, destacou que o aumento de US$ 20 no preço da tonelada de celulose vendida à China em setembro foi uma resposta à demanda crescente de produtores chineses que optaram por comprar de terceiros devido aos preços baixos da commodity no mercado global. A média histórica de preços da celulose nos últimos 10 anos é de cerca de US$ 625 por tonelada.
Desafios na indústria de celulose
Além dos reajustes de preços, a indústria de celulose enfrenta outros desafios. A instalação de novas fábricas de celulose e papel no Brasil tem gerado uma competição acirrada por madeira e terras, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Com uma demanda superior à oferta, os preços do eucalipto em pé, que precisa de seis a sete anos para estar pronto para a produção de celulose, subiram quase três vezes mais de 2019 até 2023. No caso do pinus, os preços aumentaram mais de 60% em apenas um ano.
Investimentos no setor
conforme a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o setor de base florestal investirá cerca de R$ 61,9 bilhões até 2028, incluindo plantio de florestas, novas fábricas, modernização e logística. A leitura do setor é que não há disponibilidade de madeira para novas fábricas de celulose até 2027 devido ao longo ciclo de crescimento das culturas de eucalipto e pinus.
Segundo a Arvor Business Advisory, do grupo Index, o preço médio do eucalipto em pé no Brasil aumentou significativamente, e a tendência é de que continue subindo. Esse cenário desafiador na oferta de matéria-prima adiciona pressão aos custos da indústria de celulose, o que pode impactar ainda mais os preços da commodity no mercado global.