No âmbito do projeto “Combustível do Futuro”, uma iniciativa liderada pelo governo brasileiro para promover a transição energética, uma mudança significativa está prevista: o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% até 2030. Este aumento não apenas representa um avanço na utilização de combustíveis mais sustentáveis, mas também indica um forte compromisso do Brasil com alternativas energéticas mais limpas.
Este projeto, proposto pelo Executivo e encaminhado ao Congresso, também inclui medidas para a expansão do uso de outros biocombustíveis, como biodiesel e o SAF (Sustainable Air Fuel), que é um tipo de combustível aéreo sustentável. Estas mudanças estão alinhadas com a crescente necessidade global de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Investimentos e desafios na implementação do combustível do futuro
A implementação do aumento do etanol na gasolina exigirá um investimento substancial de aproximadamente R$ 200 bilhões, conforme estimado pelo deputado Arnaldo Jardim, relator da proposta. Este investimento será necessário para expandir a capacidade da indústria de etanol para atender à nova demanda. Interessantemente, estes recursos virão inteiramente do setor privado, refletindo a confiança no rápido retorno deste investimento devido ao aumento iminente na venda de etanol.
Quanto ao biodiesel, a indústria já possui a capacidade necessária para ampliar a mistura sem a necessidade de investimentos adicionais significativos. Essa transição para um maior uso de biocombustíveis é vista não apenas como uma oportunidade de negócio, mas também como um passo importante em direção a uma economia mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.
Impactos econômicos com a chegada do combustível do futuro
Uma preocupação comum em torno da expansão dos biocombustíveis é o potencial impacto inflacionário no preço dos combustíveis. No entanto, Arnaldo Jardim argumenta que o aumento na mistura de etanol e biodiesel não resultará em pressão inflacionária, com base em análises e experiências anteriores.
Por exemplo, reduções anteriores na mistura de biodiesel não levaram a diminuições no preço do diesel, sugerindo que os ajustes na composição dos biocombustíveis não têm um impacto direto significativo nos preços ao consumidor. Essa perspectiva é reforçada pela visão de que o crescimento da mistura também não afetará os preços negativamente.
Visão geral e perspectivas futuras
O projeto “Combustível do Futuro” é visto como um componente chave na transição energética do Brasil. Além dos aspectos técnicos e econômicos, o projeto recebeu amplo apoio político, incluindo o do presidente da Câmara, Arthur Lira.
A visão geral é que, embora o SAF (Combustível Sustentável de Aviação) possa inicialmente aumentar os custos, a longo prazo, à medida que a produção se expande e a tecnologia avança, esses custos adicionais serão compensados. Além disso, créditos tributários estão sendo considerados para facilitar essa transição energética.
Finalmente, a relação do governo com o setor agrícola, um dos principais fornecedores de matéria-prima para biocombustíveis, é crucial. Enquanto há desafios, como a questão das invasões de terras e a necessidade de reforma agrária em algumas regiões, há também um reconhecimento da importância de apoiar o pequeno produtor rural com informações, apoio agronômico e linhas de financiamento.
Com todas essas medidas, o Brasil se posiciona como líder na nova economia de baixo carbono, conhecida como economia verde, preparando o caminho para um futuro mais sustentável e ecologicamente responsável.
SAF – Entenda como funciona e do que se trata
O SAF, ou Sustainable Aviation Fuel (Combustível de Aviação Sustentável em português), é um tipo de combustível desenvolvido para ser utilizado em aeronaves, mas com uma grande diferença em relação ao querosene de aviação tradicional: ele é muito mais amigo do meio ambiente. Vamos entender melhor o que isso significa e por que ele é importante:
- Origem Sustentável: Enquanto o querosene de aviação tradicional é derivado do petróleo, um recurso não renovável, o SAF é produzido a partir de fontes sustentáveis. Isso pode incluir materiais como óleos vegetais, resíduos agrícolas, resíduos sólidos urbanos e até algas. A ideia é usar materiais que possam ser renovados ou que são subprodutos de outros processos, reduzindo assim o desperdício.
- Redução das Emissões de Carbono: Um dos maiores benefícios do SAF é sua capacidade de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa comparado ao querosene tradicional. Quando você ouve sobre emissões de carbono, isso geralmente se refere ao dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global. O SAF pode reduzir essas emissões porque as plantas usadas em sua produção já absorveram CO2 da atmosfera durante seu crescimento, criando um ciclo mais equilibrado.
- Compatibilidade com Aeronaves Existentes: Um grande desafio na mudança para novos tipos de combustível é a necessidade de adaptar ou substituir veículos e infraestruturas existentes. A boa notícia é que o SAF pode ser usado nas aeronaves atuais sem a necessidade de modificações significativas. Isso o torna uma solução mais prática e imediatamente implementável para reduzir o impacto ambiental da aviação.
- Desenvolvimento e Custos: O SAF ainda está em desenvolvimento e não é produzido na mesma escala que o querosene de aviação, o que significa que atualmente é mais caro. No entanto, com o aumento da pesquisa, desenvolvimento e demanda, espera-se que a produção de SAF se torne mais eficiente e econômica. Governos e empresas de aviação em todo o mundo, estão investindo nessa tecnologia, buscando formas de torná-la mais acessível.
- Importância para o Futuro: A aviação é uma das fontes significativas de emissões de gases de efeito estufa. À medida que a consciência sobre a mudança climática aumenta, a pressão para encontrar soluções mais sustentáveis também aumenta. O SAF é visto como um passo crucial na direção de uma aviação mais sustentável, ajudando a indústria a atender às metas ambientais e reduzir o impacto climático.
