No cenário energético do Rio de Janeiro, uma revolução está acontecendo nos bairros, com uma empresa de energia solar anunciando uma conta de luz até 20% mais barata do que a oferecida pela concessionária local, a Light. Essa mudança está cativando consumidores residenciais e pequenos estabelecimentos, que agora têm uma alternativa à única opção anteriormente disponível.
O fenômeno não se limita ao Rio de Janeiro. Em diversos estados, como Minas Gerais e São Paulo, uma modalidade em alta está chamando a atenção dos consumidores: o aluguel de energia solar. Essa modalidade, também conhecida como geração distribuída, permite que empresas de energia ofereçam soluções de geração solar distribuída, proporcionando aos consumidores acesso à energia limpa e mais barata.
Essa tendência foi impulsionada por mudanças regulatórias, como a Lei 14.300 de 2022, que trouxe isenções de encargos setoriais e custos relacionados ao transporte de energia para empresas de geração distribuída. Essa legislação também permitiu que essas empresas recebessem a titularidade das contas de energia dos consumidores, possibilitando a criação de um mercado cativo.
Os consumidores que aderem a esse modelo têm acesso aos benefícios da energia solar sem a necessidade de instalação de placas em seus telhados. Ao fazer parte de um “condomínio” de uma fazenda solar, eles recebem créditos pela energia gerada e podem desfrutar de uma conta de luz até 20% mais barata do que a oferecida pela concessionária local.
O crescimento dessa modalidade tem sido impressionante. Desde 2021, quando a legislação começou a ser debatida, houve um aumento significativo nos investimentos em geração distribuída. No ano passado, foram investidos R$ 116 bilhões, e esse número está previsto para aumentar para R$ 163 bilhões este ano. A expansão é evidente, com empresas como a ForGreen e a CMU Energia investindo milhões na expansão de suas operações para novas regiões.
Apesar do crescimento rápido, o setor não está imune a desafios. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma investigação para avaliar a regulação do mercado, após alegações de que as empresas de geração solar estão operando de forma semelhante a uma comercialização dentro do mercado cativo. No entanto, especialistas e agentes do setor acreditam que esse tipo de serviço continuará a crescer, impulsionado por incentivos governamentais e pela demanda dos consumidores por uma energia mais limpa e acessível.
Com a promessa de redução significativa na conta de luz e os benefícios ambientais associados, a energia solar está se tornando uma escolha cada vez mais popular entre os consumidores. Com o apoio de políticas governamentais favoráveis e o crescimento contínuo do mercado, espera-se que essa tendência de crescimento acelerado continue nos próximos anos, transformando o panorama energético do país.
Diante da crescente competição no mercado de energia, algumas distribuidoras tradicionais estão respondendo com iniciativas próprias de geração solar distribuída. Empresas como Cemig e EDP estão criando braços dedicados a essa modalidade, visando não apenas manter sua participação no mercado, mas também aproveitar as oportunidades oferecidas pela energia renovável.
A Cemig, por exemplo, através da Cemig Sim, já conta com 20 mil clientes e planeja expandir seu parque solar em até seis vezes, atingindo a marca de 600 MW. Para Iuri Mendonça, CEO da Cemig Sim, a proximidade entre a geração e a distribuição de energia possibilita custos mais baixos, promovendo o acesso a uma energia renovável e econômica.
Enquanto isso, a EDP, presente em diversas cidades de São Paulo e Espírito Santo, investe entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões por ano em sua infraestrutura solar, visando atrair clientes fora do mercado cativo e se preparar para a abertura total do mercado prevista para o fim da década.
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