Mirando em um futuro mais sustentável no Brasil, as projeções da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) apontam para um crescimento em usinas de recuperação energética no Brasil. Segundo o órgão, a transformação de resíduos em produção de energia pode atrair até R$ 40 bilhões em investimentos até 2040. Atualmente, o país caminha apenas para a inauguração da primeira usina de aproveitamento do recurso, mas já se prepara para novos projetos.
A recuperação energética de resíduos urbanos vem sendo uma prática cada vez mais incorporada em diversos setores do mercado global. Utilizar o lixo que, muitas vezes, pode ser visto como irreversível, para a produção de energia ainda é algo incomum no Brasil. No entanto, esse cenário pode mudar consideravelmente ao longo da próxima década, como aponta a ABREN.
A associação destaca que esse segmento de produção energética possui um alto potencial de atração de investimentos à economia brasileira. O que se espera é que, até o fim do ano de 2040, mais de R$ 40 bilhões sejam atraídos ao mercado nacional. Apesar dessa projeção, o Brasil ainda precisa caminhar bastante para alcançar esses resultados no futuro.
Atualmente, existem mais de 2,5 mil usinas de recuperação energética (URE) em todo o mundo. No entanto, o Brasil está se preparando para a inauguração de sua primeira usina de produção de energia a partir de resíduos. Localizada em Barueri (SP), com 20 MW de potência instalada, a usina tem previsão de início das operações para o ano de 2025.
O Brasil é um país com forte potencial de produção de energia em diversos segmentos, incluindo a utilização de resíduos urbanos para isso. A ABREN alerta para a necessidade de novos olhares para o mercado da recuperação energética nos próximos anos.
A grande aposta da ABREN para o crescimento da recuperação energética no Brasil nos próximos anos é o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. A associação acredita que o cenário atual de produção de energia vai ser fortemente transformado com as metas da iniciativa. Isso, pois o plano prevê o total de 994 megawatts (MW) de potência instalada até 2040 a partir de resíduos.
“Atualmente há dez projetos de UREs em andamento no Brasil, que irão gerar 10 bilhões de investimentos. Para 2023, especificamente, temos a expectativa de que sejam investidos mais de R$ 4 bilhões em aportes nas URE Mauá (80MW), URE Caju (31MW) e URE Consimares (20MW), caso esses empreendimentos vençam os próximos leilões A-5 ou A-6, que serão promovidos pelo Governo Federal”, afirmou o presidente da ABREN, Yuri Schmitke.
A projeção da organização para os anos de 2027 e 2028 é que o Brasil alcance a capacidade de tratamento de mais de 5 mil toneladas por dia de lixo urbano. Dessa forma, o mercado global passará a enxergar no Brasil um alto potencial de produção de energia a partir da recuperação energética, conforme aponta a ABREN.
Poucas brasileiros sabem sobre a destinação de resíduos considerados perigosos no Brasil, principalmente aqueles utilizados como combustíveis derivados de resíduos, ou CDR. Para isso existe o Decreto Presidencial nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022, o qual institui uma lista ampla de resíduos perigosos que devem ser destinados obrigatoriamente para a recuperação energética, desde que haja uma usina licenciada em um raio de 150 km.
Essa medida visa garantir a destinação adequada desses resíduos, evitando assim riscos ambientais e de saúde pública. Além disso, a recuperação energética desses resíduos pode contribuir para a produção de energia limpa e renovável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Por fim, a associação acredita que o mercado nacional de produção de energia pode aproveitar o potencial dos resíduos sólidos nos próximos anos. Para a ABREN, a recuperação energética é uma das grandes apostas de atração de investimentos no país.
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