No cenário global em constante transformação, o setor energético se destaca como uma peça chave na busca por soluções sustentáveis. Diante dessa demanda, o Brasil surge como protagonista na vanguarda dos novos combustíveis, explorando possibilidades que prometem mudar o paradigma energético.
A apresentação “Hidrogênio Verde — Perspectivas e Possibilidades” realizada durante o Seminário STAB Industrial, na 29ª Fenasucro & Agrocana, revelou percepções sobre o potencial do país em se tornar líder na produção de combustíveis transformadores.
O engenheiro Murilo Borges, da Reunion Engenharia, lançou luz sobre o promissor caminho do hidrogênio verde, um combustível que pode definir o futuro energético do Brasil. Com o icônico provérbio do sheik Ahmed Zaki Yamani em mente — “A idade da pedra não acabou por falta de pedra. A idade do petróleo irá acabar muito antes que o mundo fique sem petróleo” — Borges ressaltou que a inovação não espera pelo esgotamento de recursos. O mercado global está clamando por soluções sustentáveis, e o Brasil está pronto para atender esse chamado.
Uma das formas de produzir hidrogênio é através da eletrólise da água, uma abordagem que exige uma grande quantidade de água e eletricidade. No entanto, no setor sucroenergético, o foco está na produção de hidrogênio verde (H₂V) por meio da reforma do metano, biometano, etanol e bagaço da cana-de-açúcar. Essa transição promete revolucionar o mercado automotivo, com uma rede de distribuição já estabelecida nos postos de combustíveis de etanol.
O processo de transformar etanol em hidrogênio é uma conquista tecnológica notável. Por meio da reforma a vapor, o etanol é convertido, e a energia resultante é armazenada em células de combustível para alimentar motores elétricos. Exemplificando essa evolução, a Toyota planeja inaugurar a primeira estação de hidrogênio do mundo a partir do etanol em São Paulo.
O Brasil não para por aí. O país é líder mundial na produção de etanol de segunda geração (E2G), um biocombustível que aproveita os resíduos da cana-de-açúcar. A Raízen, um nome de destaque no setor, está trilhando esse caminho. Luciano Zamberlan, diretor corporativo de Renováveis da Raízen, compartilhou os desafios e oportunidades na produção de E2G. A empresa está investindo em 20 fábricas de E2G até 2030, com foco em aumentar a produção de etanol sem aumentar o plantio de cana-de-açúcar.
O etanol de segunda geração (E2G) possui um diferencial fundamental: a sua pegada de carbono é até 80% menor do que a dos combustíveis fósseis. Ao utilizar biomassa vegetal lignocelulósica, esse biocombustível contribui para a economia circular, reaproveitando resíduos vegetais. A produtividade também é maximizada, sem necessidade de expansão da área de plantio. Essa abordagem resolve a dualidade entre produção de alimentos e energia.
O Brasil não está apenas alinhado com as demandas mundiais por energias limpas, mas também lidera a inovação nesse campo. Os novos combustíveis, como o hidrogênio verde e o etanol de segunda geração, estão pavimentando o caminho para uma potência energética mais sustentável.
A busca por alinhar desenvolvimento tecnológico com viabilidade econômica e métodos seguros de armazenamento e transporte é o desafio que o país enfrenta. No entanto, com investimentos e inovação contínuos, o Brasil pode continuar na vanguarda da revolução energética global.
A apresentação sobre o hidrogênio verde e a produção de etanol de segunda geração são testemunhos do compromisso do Brasil com um futuro sustentável. À medida que o país se destaca na liderança global em novos combustíveis, está mais próximo de cumprir a missão de proporcionar um meio ambiente mais limpo e saudável para as gerações futuras. As sementes plantadas hoje na busca por alternativas energéticas ecoam com um impacto duradouro, preparando o terreno para um mundo mais verde e próspero.
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