A busca por novas reservas de petróleo na Margem Equatorial, especialmente na Foz do Amazonas, está ganhando destaque no mercado devido à necessidade de manter a autossuficiência energética do Brasil. Enquanto a Petrobras demonstra otimismo, enfrenta resistências ambientais e ideológicas em todo o país. Atualmente, o licenciamento para a perfuração na região está em análise pelo Ibama, enquanto a consulta às comunidades tradicionais ocorre paralelamente. No entanto, o debate entre desenvolvimento e preservação ambiental permanece em pauta, com perspectivas futuras centradas na importância estratégica da exploração petrolífera para o país.
A Petrobras e estados favoráveis à exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial estão otimistas para os próximos meses desse ano. O ponto-chave aguardado pela estatal para a exploração da região é a aprovação da licença ambiental para perfuração na Foz do Amazonas, seguida pela autorização do Ibama para as bacias vizinhas.
A Margem Equatorial, alvo do setor petrolífero – não apenas da Petrobras -, é uma nova fronteira praticamente intocada no território nacional. Pensando na potencialidade da região, a indústria está buscando convencer a sociedade de que, sem novas reservas, o Brasil corre o risco de voltar a depender da importação de petróleo, comprometendo sua autossuficiência conquistada com o pré-sal.
Na região da Foz do Amazonas, os estudos da Petrobras apontam para um volume inicial estimado em mais de 6 bilhões de barris, sujeitos à validação por meio de perfurações. Exceto na Bacia Potiguar, onde há um projeto antigo com características específicas, há mais de uma década não são realizadas perfurações nas regiões licitadas, visando impulsionar a exploração em águas profundas.
Sem novas descobertas, a produção brasileira de petróleo poderá declinar, atingindo menos de 1 milhão de barris/dia até 2050, alertou o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes.
“Peguem os números e façam as contas. Qual é a decisão que o Brasil quer ter? O Brasil quer ser importador de petróleo daqui a 15 anos? Quer ser muito importador de petróleo daqui a 25 anos? Ou quer pelo menos equilibrar o jogo? A gente realmente precisa de novas descobertas”, afirmou ele.
Mesmo em um cenário de transição energética, com o consumo global de petróleo em declínio, o Brasil ainda tem espaço para ocupar uma parcela do mercado até 2050, segundo projeções da Petrobras. No entanto, ainda há resistência, especialmente na esfera ambiental, representada pela Ministra Marina Silva, em meio a um debate sobre a matriz energética e econômica do país até 2050, considerando os objetivos de descarbonização.
O embate também levanta questões ideológicas sobre o avanço para novas fronteiras em meio às preocupações com o aquecimento global. No entanto, para alguns, a exploração petrolífera pode significar também uma oportunidade de desenvolvimento econômico e sustentável para regiões como o Amapá e o Maranhão.
“Acho que o que está por trás [das discussões sobre a Margem Equatorial] não é nenhuma questão ligada à exploração e produção em si. Me parece muito mais uma questão ideológica de não querer que o Brasil vá para novas fronteiras por conta do aquecimento global”, ressaltou Mendes.
Além das questões domésticas, a discussão envolve também aspectos internacionais, considerando possíveis impactos em países vizinhos em caso de vazamentos com a exploração. Atualmente, o licenciamento ambiental para a perfuração na Foz do Amazonas está em fase de análise pelo Ibama, representando um ponto importante na trajetória do projeto da Petrobras.
Há uma tensão crescente no órgão ambiental, com servidores em operação-padrão desde janeiro, enquanto aguardam revisões nas carreiras ambientais e enfrentam desafios crescentes para cumprir suas atribuições. Apesar dos desafios e das incertezas, o debate sobre a exploração petrolífera na Margem Equatorial continua em pauta, sendo uma das principais questões para os próximos meses no setor de petróleo e gás natural.
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