Home PETRÓLEO Petrobras avança nas negociações para recompra da Refinaria de Mataripe: Veja os detalhes

Petrobras avança nas negociações para recompra da Refinaria de Mataripe: Veja os detalhes

Na Bahia, Refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como RLAM, foi uma das unidades vendidas pela Petrobras.

by Andriely Medeiros
Na Bahia, Refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como RLAM, foi uma das unidades vendidas pela Petrobras.

A Petrobras está em vias de concretizar a recompra da Refinaria de Mataripe, localizada na Bahia, após avançar significativamente nas negociações com o fundo Mubadala, controlador da Acelen, atual proprietária da unidade. Esta movimentação marca um retorno estratégico ao modelo de gestão adotado em governos petistas anteriores, distanciando-se das políticas de privatização implementadas durante as presidências de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Contexto e histórico da venda da Refinaria de Mataripe

Em 2021, a Petrobras vendeu a Refinaria de Mataripe por US$ 1,65 bilhão para a Acelen, como parte de um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para reduzir seu monopólio no setor de refino. No entanto, com a nova administração federal sob o governo Lula, a estatal brasileira tem se reposicionado para retomar ativos estratégicos, alinhando-se com uma abordagem mais estatal na gestão de recursos energéticos.

Fontes próximas às negociações indicam que a Petrobras deve recomprar integralmente a Refinaria de Mataripe. Esse movimento é respaldado pela disposição da Acelen em vender a operação com petróleo e participar como sócia em um projeto de energia renovável, que seria iniciado do zero. O levantamento de informações para a formalização do negócio já foi concluído pela Petrobras, o que indica um avanço significativo nas tratativas.

Apesar do progresso, a Petrobras declarou que ainda não tomou uma decisão final sobre a recompra. O fundo Mubadala, por sua vez, não comentou sobre as negociações.

Mudanças na estratégia da Petrobras

Desde a posse do presidente Lula, a Petrobras tem mostrado uma clara mudança de direção. Em dezembro passado, a estatal cancelou a venda da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), alegando que algumas condições precedentes para a transferência não foram concluídas. Além disso, a Petrobras abandonou o plano de privatização de refinarias, mantendo cinco unidades que estavam no plano de venda desde 2019.

Uma possibilidade discutida nas negociações é que a Acelen mantenha uma participação minoritária, em torno de 20%, na Refinaria de Mataripe. Essa configuração poderia estabelecer um compromisso cruzado com uma nova unidade de biorrefino focada na produção de diesel verde e combustível de aviação sustentável (SAF). A operação utilizaria a macaúba, uma palmeira nativa brasileira, como matéria-prima.

Próximos passos e desafios para a recompra da Refinaria de Mataripe

Dentro da Petrobras, a questão da recompra da Refinaria de Mataripe ainda está em discussão na diretoria executiva. Uma proposta vinculante para a recompra é esperada para setembro, com a finalização do negócio prevista para 2025, dependendo da aprovação do conselho de administração. A próxima reunião do conselho, marcada para 26 de julho, ou a subsequente, em 8 de agosto, deve abordar os planos de recompra.

O presidente do conselho da Petrobras, Pietro Mendes, ainda não finalizou a pauta da reunião de 26 de julho, mas a evolução das negociações deve estar alinhada com os prazos estabelecidos pela gestão anterior. O ex-presidente Jean Paul Prates havia mencionado que a companhia teria uma posição definida sobre o tema entre junho e julho deste ano.

Um ponto crucial das negociações é o preço a ser pago pela refinaria. Existe um consenso sobre a necessidade de uma avaliação justa, que considere as melhorias realizadas pela Acelen desde a aquisição. O valor de recompra, portanto, deve superar os US$ 1,65 bilhão pagos em 2021.

A refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como Rlam, foi uma das unidades vendidas pela Petrobras como parte de um esforço para reduzir seu monopólio. Após a venda de Mataripe, a Petrobras também se desfez de outras unidades menores, mas interrompeu a venda de grandes refinarias no Sul e Sudeste por motivos econômicos e, posteriormente, políticos.

Impacto no mercado nacional

Com a Acelen isolada no mercado nacional, a Petrobras aumentou a produção de diesel e gasolina, competindo diretamente com a Acelen no Nordeste. Esse aumento de produção foi facilitado pelo acesso a óleo bruto próprio, enquanto a Acelen precisa comprar ou importar óleo bruto a preços de mercado.

Esse cenário levou a Acelen a buscar uma sociedade ou revenda do ativo no final do ano passado, um movimento que agora pode resultar na recompra da Refinaria de Mataripe pela Petrobras.

A recompra da Refinaria de Mataripe pela Petrobras representa uma mudança significativa na estratégia da estatal e reflete a nova direção política e econômica do país sob o governo Lula. Se concretizado, o negócio deve fortalecer a posição da Petrobras no mercado de refino e realinhar a companhia com uma abordagem mais estatal na gestão dos recursos energéticos brasileiros.

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