A Petrobras deu início a um novo processo de contratação para a construção de duas unidades de produção de petróleo do tipo FPSO (Floating Production, Storage and Offloading), destinadas ao projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), localizado na Bacia de Sergipe-Alagoas. O anúncio foi feito pela empresa no último sábado, 30, marcando o começo de um projeto estratégico que visa expandir a produção de petróleo e gás no Brasil, com foco na região Nordeste.
O projeto SEAP tem como objetivo o desenvolvimento de campos de petróleo e gás localizados nas concessões BM-SEAL-10, BM-SEAL-11, BM-SEAL-4 e BM-SEAL-4A. A Petrobras optou por um modelo de contratação inovador, conhecido como Build, Operate and Transfer (BOT), para a construção e operação das unidades FPSO. Nesse modelo, a contratada será responsável pela concepção, construção, montagem e operação das unidades por um período determinado. Após esse período, a operação será transferida para a Petrobras, garantindo que a companhia assuma o controle completo da produção a longo prazo.
A primeira unidade FPSO, denominada SEAP 2, será destinada à operação do campo de Agulhinha, Agulhinha Oeste, Cavala e Palombeta, enquanto a segunda unidade, que ainda é uma opção de compra, será aplicada ao SEAP 1, que abrange os campos de Budião, Budião Noroeste e Budião Sudeste. As duas unidades terão a capacidade de processar 120 mil barris de petróleo por dia (bpd) e até 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia, o que representa uma contribuição significativa para o aumento da produção nacional de energia.
A escolha pela modalidade BOT está alinhada com a estratégia da Petrobras de adotar novos modelos de contratação que possam acelerar o desenvolvimento de seus projetos de óleo e gás. Esse modelo tem se mostrado eficiente para financiar projetos de grande escala, ao mesmo tempo em que possibilita que a produção inicie mais rapidamente, sem depender de longos processos de construção e infraestrutura.
De acordo com o comunicado da Petrobras, as unidades FPSO serão essenciais para garantir o fornecimento contínuo de gás natural ao mercado brasileiro, além de abrir novas fronteiras de produção no Nordeste, uma região estratégica para o setor de energia no Brasil. A Petrobras também destacou a importância de garantir a economicidade desses projetos, com a finalidade de oferecer retornos tanto para a sociedade quanto para seus acionistas.
“Desta forma, a companhia está buscando garantir os benefícios trazidos por novos projetos para a sociedade brasileira e o retorno do investimento para seus acionistas”, afirmou a Petrobras no comunicado oficial.
Embora a Petrobras não tenha mencionado explicitamente o compromisso com o conteúdo local no comunicado, sabe-se que, conforme discutido anteriormente, o primeiro FPSO terá um índice de 40% de conteúdo nacional, enquanto o segundo FPSO, uma vez adquirido, contará com 30% de conteúdo local. Este compromisso foi uma promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltada para o desenvolvimento da indústria naval brasileira e a geração de empregos nos estaleiros nacionais.
O conteúdo local é uma questão estratégica para a Petrobras, pois além de fortalecer a economia local, gera emprego e capacitação para a mão de obra brasileira. A variação nos índices de conteúdo nacional será determinada pelas cláusulas contratuais, com a possibilidade de multas caso não sejam atendidas as metas estipuladas.
Com a implementação das unidades FPSO, a Petrobras visa não apenas aumentar a produção de petróleo e gás, mas também garantir maior segurança energética para o Brasil. O gás produzido será especificado e exportado diretamente para venda, sem necessidade de tratamento adicional em terra. Isso traz benefícios tanto para a empresa quanto para os consumidores, ao reduzir os custos de processamento e aumentar a eficiência do sistema.
A ampliação da produção na Bacia de Sergipe-Alagoas é considerada um avanço importante para o setor de energia no Brasil. O projeto SEAP representa a continuidade dos investimentos da Petrobras na exploração e produção de petróleo e gás no Nordeste, região com grande potencial, mas que historicamente teve sua produção aquém das expectativas.
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