A Petrobras, liderada por Jean Paul Prates, planeja reviver a indústria naval brasileira com uma série de encomendas ambiciosas, incluindo navios, equipamentos de plataforma e o desmantelamento de plataformas antigas. Apesar dos desafios e debates internos sobre o ritmo das encomendas e a preferência entre produção local e afretamento, a Petrobras visa fortalecer os estaleiros nacionais, impulsionando empregos e a economia, enquanto enfrenta a complexidade de sua missão.
Petrobras tem em vista superar desafios da indústria naval brasileira nos próximos anos
A Petrobras, sob a liderança do presidente Jean Paul Prates, está determinada a revigorar os estaleiros nacionais com uma série de encomendas significativas. No entanto, a velocidade dessas encomendas permanece uma questão em aberto, enquanto o governo examina medidas para remover obstáculos e garantir que as compras aconteçam localmente, sem a necessidade de mudanças legais.
A dinâmica no setor de estaleiros está longe de ser consensual, mesmo na própria Petrobras, onde o debate interno sobre o ritmo das licitações é uma realidade. Os desafios enfrentados pela indústria naval brasileira são muitos. Um deles é a competição entre a construção local e o afretamento de navios. A mentalidade de que o afretamento é mais competitivo ainda prevalece, tornando essencial um esforço adicional para incentivar a produção interna.
No entanto, a Petrobras tem se comprometido a mudar esse cenário sob a liderança de Prates. Em menos de um ano de administração, a Petrobras anunciou planos para encomendar uma variedade de embarcações, equipamentos de plataforma e até mesmo o desmantelamento de plataformas antigas.
Essas encomendas têm a ambição de reerguer a indústria naval, mas as lições do passado não podem ser ignoradas, quando obras inacabadas e pedidos de recuperação judicial causaram prejuízos à sociedade. Parte das encomendas divulgadas pela Petrobras não requer apoio federal.
O diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos Travassos, responsável pelas compras da empresa, estima que apenas as plataformas de produção de petróleo já aprovadas pela Petrobras resultariam em uma demanda de módulos superior à registrada no último ciclo. Assim, o otimismo paira sobre os estaleiros nacionais, que esperam processar 70 mil toneladas de aço para a produção de módulos até 2025, um aumento significativo em relação ao pico de 60 mil atingido em 2014.
Companhia brasileira de petróleo e gás mira nas embarcações de apoio à indústria naval
A Petrobras também tem planos de contratar 38 embarcações de apoio à produção de petróleo em alto-mar, uma oportunidade que pode mobilizar estaleiros de menor porte. Enquanto as regras atuais de conteúdo local já garantem a demanda no país em um dos casos, a lei brasileira dá preferência à contratação de barcos de bandeira brasileira quando há competição com estrangeiros.
A petroleira iniciou um processo de desmantelamento de plataformas antigas, com a meta de vender 26 unidades até 2027. A primeira licitação foi conquistada pela siderúrgica Gerdau, que contratou o Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para o serviço. Nesse contexto, o foco é o desmonte das plataformas, para reutilizar o aço como sucata na produção de vergalhões e outros produtos similares, uma iniciativa que deve gerar empregos e impulsionar a economia local.
Um dos pilares do plano de retomada da indústria naval é a encomenda de 25 navios pela Transpetro, no entanto, esta iniciativa permanece sujeita a debate tanto na estatal quanto no governo. Com contratos avaliados em R$ 12,5 bilhões, as licitações estão programadas para iniciar em 2024. A Transpetro já recebeu manifestações de interesse de 16 estaleiros, incluindo alguns dos gigantes construídos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como o Rio Grande e o EAS (Estaleiro Atlântico Sul) em Ipojuca (PE).
No entanto, o presidente Prates enfatiza que a Petrobras não deve incluir todos os navios na próxima versão de seu plano quinquenal, que será anunciado até o final deste ano. A empresa continua a estudar a viabilidade dessas encomendas, reconhecendo que o desafio de revitalizar a indústria naval brasileira é um projeto complexo.