Desde a mudança em sua política de precificação de combustíveis em maio de 2023, a Petrobras tem sido objeto de debate sobre sua estratégia de reajuste de preços. Um estudo recente da Leggio Consultoria, com dados até janeiro de 2024, revela que a estatal tem atrasado os repasses dos aumentos do mercado internacional em cerca de um mês. No entanto, não deixa de ajustar os preços no Brasil, mantendo-os aproximadamente 5% abaixo dos valores internacionais.
A mudança na política de precificação, anunciada como um “abrasileiramento” dos preços, visava evitar oscilações bruscas no mercado interno devido às variações no preço do petróleo internacional. No entanto, críticos argumentam que, como uma empresa competitiva, a Petrobras deveria praticar preços alinhados internacionalmente para não comprometer sua competitividade. Essa dicotomia entre interesses nacionais e estratégias globais tem sido o cerne das discussões em torno da Petrobras.
O estudo da Leggio Consultoria, obtido com exclusividade pelo G1, revela um padrão nos reajustes dos combustíveis pela Petrobras. Os aumentos são aplicados com um mês de atraso, mantendo os preços ligeiramente abaixo do mercado internacional. Em contrapartida, quando há quedas nos preços globais, a estatal repassa essas reduções de forma mais rápida, buscando evitar prejuízos.
Para Marcus D’Elia, sócio da consultoria responsável pelo estudo, a estratégia da Petrobras pode ser interpretada como um posicionamento estratégico de mercado, alinhado aos objetivos do governo e da própria empresa. Ele argumenta que essa abordagem ajuda a estabilizar os preços internos, evitando picos de preço decorrentes de instabilidades no mercado internacional.
“Não dá para dizer que essa política está prejudicando a companhia. Eu interpreto como um posicionamento estratégico de mercado”, revelou D’Elia.
Apesar das análises da Leggio Consultoria, Sergio Araujo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), contesta a eficácia dos repasses pela Petrobras. Ele alega que a estatal tem segurado os reajustes, especialmente no preço da gasolina, desde outubro de 2023, resultando em uma defasagem considerável em relação ao mercado internacional.
A trajetória da política de preços da Petrobras desde 2022 revela uma transição gradual de uma abordagem alinhada à paridade de importação para um modelo mais flexível, priorizando interesses domésticos. Desde o governo de Michel Temer, essa transição tem sido evidente, culminando na mudança formal em maio de 2023. No entanto, as controvérsias persistem, destacando a complexidade de conciliar interesses nacionais e competitividade global na indústria de combustíveis.
“Ela evita repassar a volatilidade e é por isso que os picos de preço não aparecem, ou seja, você nunca tem um pico tão alto quanto o que foi o da paridade internacional. Isso é algo que realmente a Petrobras está fazendo e que não fazia antes, em 2020 e 2021, mas já fazia em 2022 e continuou fazendo em 2023”, disse D’Elia.
A discussão em torno dos reajustes de combustíveis pela Petrobras continua a ser um ponto sensível na política energética brasileira, com repercussões tanto econômicas quanto políticas. Enquanto isso, analistas e especialistas continuam a debater as implicações dessas estratégias tanto para a empresa quanto para o país como um todo.
A Petrobras, ou Petróleo Brasileiro S.A., é uma das maiores empresas de energia do mundo e a maior do Brasil. A empresa tem suas raízes na exploração, produção, refino, transporte e comercialização de petróleo e gás natural. A Petrobras desempenha um papel crucial na economia brasileira, sendo responsável por uma grande parte da produção nacional de petróleo e gás, além de contribuir significativamente para a receita do governo brasileiro por meio de impostos, royalties e dividendos.
Ao longo de sua história, a Petrobras enfrentou vários desafios, incluindo questões relacionadas à corrupção, volatilidade nos preços do petróleo e desafios operacionais. No entanto, a empresa também alcançou marcos significativos, como a descoberta do pré-sal, uma importante reserva de petróleo localizada abaixo do leito marinho da costa brasileira, que trouxe perspectivas promissoras para o futuro energético do país.
A Petrobras tem uma presença global, com operações em diversos países, incluindo atividades de exploração e produção, refino e distribuição de produtos petrolíferos. Além disso, a empresa investe em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para explorar de forma mais eficiente os recursos de petróleo e gás, além de buscar alternativas mais sustentáveis e limpas de energia.
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