A Petrobras, empresa do setor energético brasileiro, divulgou recentemente detalhes sobre seus resultados no primeiro trimestre de 2024. O diretor financeiro da empresa, Sergio Caetano, liderou uma teleconferência com analistas para elucidar os números e estratégias adotadas pela companhia em meio a um contexto desafiador. Uma das principais pautas abordadas foi a nova estratégia comercial de preços implementada no ano anterior, que a Petrobras cogita manter, apesar do revés no lucro líquido ocorrido em 2024.
De acordo com Caetano, houve uma queda significativa de quase 38% no lucro líquido em comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de R$ 38,156 bilhões para R$ 23,7 bilhões. Esse declínio foi atribuído, em grande parte, à redução nas vendas de combustíveis no mercado interno e à desvalorização do real frente ao dólar.
Carlos Schlosser, diretor de logística, comercialização e mercados da Petrobras, ressaltou a volatilidade das cotações internacionais, especialmente do barril de petróleo do tipo Brent, referência para a Petrobras. O preço do barril voltou a ultrapassar a marca dos US$ 90 devido às tensões geopolíticas globais, impactando diretamente nos resultados da empresa.
Além das oscilações no mercado internacional, fatores domésticos também influenciaram no desempenho da Petrobras no primeiro trimestre de 2024. O aumento da safra de etanol, a importação de diesel russo e o avanço do biodiesel na mistura do diesel contribuíram para as vendas fracas e o resultado negativo da empresa.
Em relação à distribuição de dividendos, a estatal aprovou a distribuição de R$ 13,45 bilhões, valor abaixo das expectativas de bancos e investidores. Essa distribuição representa uma queda de 45% em relação ao ano anterior, evidenciando os desafios enfrentados pela Petrobras.
No âmbito político, a demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, nesta terça-feira, 14, após discordâncias com os ministros de governo, trouxe um novo elemento de tensão. Prates defendia a distribuição de 50% dos recursos extraordinários aos acionistas, posição que não foi apoiada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e por Rui Costa, da Casa Civil.
Diante desse cenário, a Petrobras revelou que o primeiro trimestre de 2024 registrou um resultado financeiro negativo de R$ 9,6 bilhões, devido às flutuações cambiais e ao recuo nas exportações, especialmente de gasolina. A receita de vendas também apresentou uma queda de mais de 15%, atingindo R$ 117,721 bilhões no período, comparado aos R$ 139 bilhões de 2023.
Atualmente, o preço interno praticado pela estatal está posicionado 6% abaixo do limite inferior da faixa de preço estabelecida, o que tem despertado discussões sobre a necessidade de ajustes.
Entretanto, embora os preços da gasolina estejam atualmente abaixo da faixa estabelecida, a Petrobras reconhece a importância de persistir nessa condição por um período adicional, visando alterar a estrutura financeira da empresa antes de considerar um reajuste nos preços. Essa abordagem estratégica visa não apenas manter a estabilidade econômica da empresa, mas também garantir sua competitividade no mercado.
Além dos aspectos internos, a Petrobras também está atenta às tensões geopolíticas globais, especialmente no Oriente Médio, que podem impactar significativamente os preços do petróleo e, por consequência, os preços dos combustíveis no mercado brasileiro.
O último reajuste nos preços dos combustíveis ocorreu em outubro, quando houve uma queda no preço da gasolina, seguido por outro ajuste em dezembro, em resposta ao recuo do preço do diesel. Desde então, a Petrobras tem mantido uma postura cautelosa em relação aos preços, buscando equilibrar os interesses dos consumidores e a saúde financeira da empresa.
A decisão final sobre um possível reajuste será baseada em uma análise abrangente dos fatores internos e externos que impactam a empresa.
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