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Oferta de gás natural na rede brasileira deve crescer 34% de 2023 a 2032 e atrair novos investimentos

A oferta de gás natural na rede brasileira está prestes a passar por uma expansão notável, com projeções indicando um crescimento de 34% no período entre 2023 e 2032. Essa alta é impulsionada pelo aumento na disponibilidade de gás nacional, decorrente de novos projetos que devem entrar em operação no país. O estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) destaca também a importância da infraestrutura de gás e a relevância dos investimentos para acompanhar essa expansão e atender a demanda crescente.

Crescimento expressivo na oferta de gás natural

A estimativa da EPE aponta que a quantidade total de gás natural injetado na malha de dutos nacional deve aumentar significativamente, saindo dos atuais 134 milhões de m³/dia projetados para este ano para 182 milhões de m³/dia em 2032.

Esse aumento na oferta é resultado de uma série de fatores, incluindo a produção nacional de gás, a capacidade de importação por navios e o gás proveniente da Bolívia.

Expansão da produção nacional

O estudo da EPE destaca que o maior salto na oferta de gás natural se dará principalmente devido à produção nacional. O volume de gás brasileiro que entra na rede de gasodutos deve crescer consideravelmente, passando dos atuais 49 milhões de m³/dia para 86 milhões de m³/dia no período de 2023 a 2032.

Esse aumento é impulsionado pela entrada de novos campos produtores de grande porte, com previsão de início da produção entre 2027 e 2032. Projetos que estimulam a produção offshore (no mar) em Sergipe e onshore (em terra) na bacia Potiguar, bem como o aumento da disponibilidade de gás vindo do pré-sal nas bacias de Campos e Santos, contribuem para esse crescimento expressivo.

Investimentos em infraestrutura de gás natural

Para acomodar o aumento na oferta de gás e garantir que a demanda interna seja atendida, a infraestrutura de gás também deve ser ampliada. A EPE destaca a construção de novas Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs) e a implementação de novos gasodutos previstos para entrar em operação na próxima década.

Entre os projetos em destaque estão seis novos gasodutos, sendo três destinados ao escoamento da produção dos campos e outros três para o transporte, ampliando a malha de gás em terra.

Novas UPGNs serão necessárias para dar conta do volume que poderá ser disponibilizado ao mercado. A expectativa é que a capacidade de processamento seja expandida ao longo do horizonte de 2022 a 2032, para atender as maiores produções na Bacia do Sergipe-Alagoas e no ambiente exploratório do pré-sal.

Demanda acompanhando a oferta

O estudo da EPE aponta que a demanda por gás natural também deve acompanhar o crescimento da oferta. Prevê-se um aumento de 26% no consumo de gás, passando dos atuais 101 milhões de m³/dia consumidos em 2022 para 126 milhões de m³/dia em 2032.

Esse crescimento será impulsionado, principalmente, pelo aumento das demandas industrial, comercial e residencial. Também prevê-se um maior consumo de gás em termelétricas devido à entrada em operação de novas unidades, além do aumento em fábricas de fertilizantes nitrogenados e refinarias.

Importância dos investimentos no setor

Com o crescimento expressivo na oferta de gás natural e a necessidade de acompanhar a demanda crescente, os investimentos no setor se tornam essenciais para garantir o pleno aproveitamento do potencial do mercado brasileiro.

A expansão da infraestrutura, a construção de novos gasodutos e a ampliação das UPGNs são elementos cruciais para permitir a produção, processamento e distribuição adequados do gás natural. Além disso, os investimentos em novos terminais de importação de GNL são fundamentais para suprir a demanda interna e manter a relevância das importações no mercado brasileiro.

Possibilidade de importação de gás natural da Argentina

O estudo da EPE traz também a perspectiva de uma redução gradativa na proporção da oferta concentrada na região Sudeste, caindo de 79% do total em 2022 para 68% em 2032. Esse declínio é atribuído à entrada de maior produção proveniente da bacia do Sergipe-Alagoas e do Maranhão.

A possibilidade de importação de gás da Argentina surge como uma alternativa interessante para complementar a oferta interna. Com a inauguração do gasoduto Presidente Nestor Kirchner, a Argentina demonstra interesse em expandir suas exportações de gás para o sul do Brasil, conectando-se ao gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre.

Marcelo Santos

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