Um novo cenário está se desenhando no mercado de petróleo, com a Arábia Saudita, tradicionalmente o maior produtor de petróleo da Opep+, prestes a perder esse posto para a Rússia. Segundo avaliação da Agência Internacional de Energia (AIE), a Arábia Saudita está reduzindo sua produção para impulsionar os preços da commodity, o que abrirá espaço para que a Rússia assuma a liderança na aliança formada pelos países produtores de petróleo.
A queda na produção da Arábia Saudita e o avanço da Rússia
Conforme o relatório da AIE, a produção de petróleo da Arábia Saudita deverá cair para 9 milhões de barris por dia (bpd) em julho e agosto, atingindo o menor nível em dois anos. Esse declínio é resultado de um corte voluntário de 1 milhão de bpd anunciado pelo país, que será estendido para o próximo período.
Com essa redução, a Rússia, cuja oferta vem sendo reduzida de forma mais lenta, deverá superar a Arábia Saudita em produção pela primeira vez desde o início de 2022.
A AIE ressalta que, desconsiderando os resultados distorcidos de produção durante a pandemia de covid-19, a oferta saudita encolherá ao seu menor patamar desde 2011. Essa mudança no panorama da produção de petróleo reflete os esforços da Arábia Saudita em equilibrar o mercado e impulsionar os preços da commodity.
Perspectivas para a demanda e oferta global de petróleo
Além de analisar a produção de petróleo da Arábia Saudita e da Rússia, a AIE também revisou suas previsões para a demanda global e a oferta de petróleo nos próximos anos.
A agência cortou sua estimativa de aumento na demanda global por petróleo em 2023 em 220 mil bpd, chegando a 2,2 milhões de bpd. Isso significa que o consumo mundial deverá atingir 102,1 milhões de bpd este ano.
Quanto à oferta global, a AIE elevou sua projeção para este ano em 200 mil bpd, alcançando 101,5 milhões de bpd. Para 2024, espera-se um aumento de 1,2 milhão de bpd na oferta, chegando a 102,8 milhões de bpd.
A Rússia como nova potência na produção de petróleo
O destaque da ascensão da Rússia como principal produtor de petróleo na Opep+ não pode ser dissociado da guerra travada com a Ucrânia desde fevereiro de 2022. As sanções impostas pelo Ocidente a Moscou geraram uma disputa comercial paralela ao conflito na Ucrânia.
Enquanto a Rússia enfrenta altos custos devido à guerra, que consome recursos provenientes da venda de petróleo, a redução acelerada na produção de petróleo se torna um desafio. No entanto, o país tem se mantido firme em sua posição e está prestes a ultrapassar a Arábia Saudita como maior produtor na Opep+.
Receita da Opep em alta
Em um relatório divulgado pela Opep, o cartel dos países exportadores de petróleo revelou que sua receita proveniente das exportações atingiu o nível mais alto em quase uma década em 2022.
Impulsionada pela alta produção dos países membros em resposta à recuperação pós-pandemia da demanda por combustível, a Opep registrou ganhos de US$ 873,6 bilhões no ano passado, um aumento de 54% em relação a 2021.
Essa é a melhor performance desde 2014, quando o boom do xisto nos Estados Unidos impulsionou os preços do petróleo. Com o aumento dos preços e o aumento da produção, os lucros de todo o grupo têm se elevado.
Arábia Saudita e Rússia: Um novo capítulo no mercado de petróleo
Com a Arábia Saudita sendo superada pela Rússia como principal produtor de petróleo na Opep+, um novo capítulo se inicia no mercado. As mudanças nas dinâmicas de produção e oferta trazem consigo desafios e oportunidades para os países envolvidos.
Resta acompanhar como essa transformação impactará os preços da commodity e a economia global, bem como as estratégias adotadas pelos principais produtores para se adaptarem a esse novo cenário.